Temos uma sociedade descrente da politica e Irritada com seus representantes que custam para a cidade de R$ 78.459,00 por mês cada um no caso dos vereadores na cidade de Contagem.
Há a proposta da Reforma política, essa não funcionará se não tivermos representantes vivendo-a na prática de seus gabinetes mesmo antes de aprovada. Por isso venho propor a cada um e cada uma a reflexão de como viver a Nova Política e colocar meu nome e minhas experiências à disposição do coletivo.
I
Na minha família houve tradição. Não se comia carne durante
quase todo o ano por pobreza e nessa semana por religião. Seja tudo pelo amor
de Deus nos dizia o semideus familiar com seus paletós velhos e surrados com
canetas sem tinta nos bolsos, suas havaianas nos pés, nosso santo e louco. Os Santos não são um dos tipos de loucos?
Íamos com algum familiar para a Igreja na sexta feira. Nós,
meninos corríamos entre gritos, pirulitos e catarro. Era engraçada a cara de
tristeza dos adultos. Algum deles vinha e dava uma ralha: Esse não era dia de
festa. Era um verdadeiro velório, um dia de dor. Mesmo que o céu estivesse azul
e as ruas cheias de gente. Trabalhadores andavam pelo comércio, num descanso
inusitado, enchendo bacias de frutas e verduras, Levavam para casa frangos dependurados
de cabeça para baixo. Vendiam ali na rua pedaços de pernil de porco que seriam
devorados no sábado e domingo junto com vinho Chapinha e cachaça. Havia a caixa do peixeiro a vender as sardinhas
que se comiam fritas.
II
A morte do Judeu foi um fato religioso e politico. O que Jesus propunha de tão forte?
Ele vinha mostrar o que chamamos de sinais dos tempos. O
estilo de vida daquela sociedade estava em crise e ele propõe uma inflexão no
viver dos Judeus. Transformar os 10 mandamentos em um só.
Ao status do judaísmo não podia ser mais escandaloso. Ele conversa
com a mulher infiel e não lhe atira pedra, comia na casa dos cobradores de
impostos, pediu água à mulher não judia entre outras coisas. Tocava aleijados e
doentes que como todos sabiam sofriam dessas coisas por castigo divino. Expulsa os vendilhões do templo. Gente que
vendia lugar no céu, pedaços da arca da aliança e óleos milagrosos. E se
atrevia a interpretar as escrituras sem ser Sacerdote. Por isso havia de
mata-lo.
Jesus incomodava, como Sócrates incomodou, como Gandhi
incomodou, como Luther King incomodou, como Malcon X incomodou, como Mandela
incomodou e como Pepe Mujica incomodou, devendo por isso passar 13 anos preso
no seu Uruguai.
Jesus propunha amar a Deus e ao próximo como a si mesmo.
Fórmula simples e de uma força inquestionável.
Vender seus bens e dar aos pobres,
perdoar os erros dos outros, exercer a solidariedade com quem sofre como no
caso do Bom Samaritano. Não juntar bens materiais e sim bens espirituais de
vida. Algo que hoje chamaríamos de qualidade de vida e vida de qualidade.
Os sacerdotes não podiam aceitar aquilo.
III
Com a idade veio adolescência e uma dor sincera e profunda
atacava a alma ao pensar que injustamente fora Cristo assassinado. Um santo.
Mais adiante essa tristeza perdeu lugar para a agitação e ansiedade de se
preparar o teatro do grupo de jovens: JOVEC, JOMAC, quanta saudade!
Um dos poucos momentos em que a atividade perdia para a
emoção nesse dia era quando o Cristo, em geral um piadista e cervejeiro dos que
sabem aproveitar a vida, mas ali, era o filho Deus encarnado no corpo do nosso
ator amador, olhava para o céu de sua Cruz e dizia: Pai, pai por que me
abandonastes?
Lembro as engenhocas montadas pelo Marcelo e colegas do JOMAC
ao lado da Capelinha de São Domingos para Cristo ser levantado na cruz. Otacilio
quantas vezes deve ter temido se espatifar de cima da cruz. E Cirineu descer o Cristo
dali era uma das imagens mais lindas.
IV
Cristo hoje: Os ideais de Jesus não são apenas dos
Cristianismo, mas sim de várias religiões e várias filosofias e correntes
políticas de esquerda. No momento atual
do mundo quais seriam as coisas a escandalizar a Jesus Cristo? Cada um de nós pode ter uma lista. Eu citaria
poucas coisas: Que em nome da fé a Ele se oprima tanta gente no mundo:
mulheres, gays, estrangeiros, gente de outra fé. Que alguns sacerdotes vivam
hoje em mesquinha e que usem seu nome para juntar bens materiais.
V
Sinais dos tempos atuais: A natureza agoniza sob a exploração
do capital e nosso viver hedonista. Nunca nos preocupamos com o fato de lavar
nossos carros com água potável ser um escândalo enquanto na África faltava água
para beber milhões de famílias. Esse dia chega quando nosso país enfrenta uma
crise de falta de agua, de poluição dos rios e mananciais.
Apesar da melhoria do padrão de vida da sociedade no geral
sob os governos Lula e Dilma há uma violência que não diminui e uma
insatisfação nessa sociedade. O que há de errado?
A distância entre os representantes e representados é tão
grande que faz com que um líder político, ateu, que não quer juntar dinheiro
seja ridicularizado. Porém, aqueles que ridicularizavam a Pepe Mujica não sabiam que os representados tinham fome e sede de uma nova política. Desejam novos representantes. Querem ser representados por homens simples e honestos dispostos a não se
enriquecer com o esforço do coletivo. Por isso as pessoas foram às ruas em 2013
e 2015.
VI
2016: Para as eleições municipais temos uma sociedade cansada
pelo trânsito horrível nas cidades, pelo medo da violência, pela intolerância com
os diferentes, pela solidão das pessoas nas cidades, com medo do tráfico de
drogas. Incomodada com o pouco retorno dos seus impostos em saúde, educação e
segurança, com a burocracia dos serviços estatais.
Temos uma sociedade descrente da politica e Irritada com seus
representantes que custam para a cidade de R$ 78.459,00 por mês cada um no caso
de um vereador na cidade de Contagem.
Há a proposta da Reforma política, mas essa não funcionará se
não tivermos representantes vivendo-a na prática de seus gabinetes mesmo antes
de aprovada.
Por isso venho propor a cada um e cada uma a reflexão de como
viver a Nova Política e colocar meu nome e minhas experiências à disposição do
coletivo.
Feliz Páscoa a todos.
Sidnei Rodrigues de Faria.
Sidnei Rodrigues de Faria.