domingo, 31 de maio de 2009

AINDA VIK

O nome completo é Vik Muniz, deve ser artístico, 47 anos, vive em NY, a exposição é comemorativa aos 20 anos de carreira e fica lá no MASP até 12 de julho.

Moraleja ( moral da história):
1-Na postagem anterior escrevi muitas vezes compondo, compôs... vivendo e escrevendo.
2- Nas terças, reafirmo, a entrada é grátis, quem estiver pela macota cidade de São Paulo passe por lá.
3- Não é que passei pela esquina da Avenida Ipiranga com a São João e não cantei nem Sampa, nem Ronda? Estava afobado para uma runião.

sábado, 30 de maio de 2009

VIK


Olhe à sua volta: há um mundo de coisas para as quais você não dá a menor importância. Poeira? Você já considerou a poeira como algo possível de ter outro significado? E o lixo?Pois bem, um artista brasileiro- seu nome é Vik Muniz- foi capaz de olhar essas coisas cotidianas e, com elas, recriar possibilidades de apresentar e perceber o mundo.

O texto aí de cima é da apresentação à exposição de Vik no Masp, Museu de arte de São Paulo. Nas terças a entrada é gratuita. Fui lá e conferi a exposição. O artista pega fotos e figuras famosas da arte e as reinventa com os mais diversos materiais sobre a concepção de que "uma cópia da cópia é um original".

Sebastião, Suellen, Magua, Ísis e Zumbi são catadores de material reciclável no lixão de Jardim Gramacho na cidade do Rio de Janeiro os quais Vik retrata na sua obra combinando lixo com desenhos compondo belas imagens como a do Atlas que vemos nesta página. Narciso, o Nascimento de Vênus e Jupiter devorando seus filhos são compostos a partir de materiais de oficina de automóveis. Elisabeth Taylor composta com diamantes, Frankenstein e Drácula compostos com caviar. Um mapa mundi feito com peças de computador, o Brasil é composto por um grupo de teclados, são modos muito próprios de compor o mundo à sua volta e reler a vida e os objetos do dia a dia em forma de arte. Em Minas em área da Vale do Rio Doce, agora apenas Vale, usando escavadeiras ele compôs enormes desenhos de 120 a 180 metros e os fotografou de um helicóptero.

Uma das experiências foi com crianças da Ilha de Saint Kits, filhos de trabalhadores braçais da cana, foram fotografados, depois desenhados e sobre o desenho foi depositada açúcar. Outra experiência foi com crianças de rua de São Paulo às quais Vik mostrou livros de arte e pediu que escolhessem a figura que mais gostavam para serem desenhados naquela pose. Depois de desenhados o quadro foi composto com lixo recolhido na quarta feira depois do carnaval.

Vik apresenta nos seus desenhos uma reflexão sobre a vida, o valor das coisas e pessoas. As crianças de Saint Kits contrastavam na sua alegria com seus pais fatigados e sofridos pelo corte da cana. O açúcar tem duplo sentido: o do trabalho dos pais ao qual eles em breve estariam também destinados e o segundo que este mesmo açúcar e trabalho lhes tiraria a doçura da vida

Quanto aos meninos de Sampa, usar o lixo de uma festa para mostrar como as pessoas são tratadas como coisa na sociedade brasileira, apenas nela?

Merece especial destaque duas fotos intituladas two flags. É a bandeira dos EUA plantada em um jardim composta de flores e folhas. Fotografada na primavera com cores vivas e um verde e branco fortes e depois a mesma bandeira no outono, seca e sem cores. Neste tempo de crise do capital imagino que a bandeira outonal é a mais próxima dos EUA que temos à nossa frente.

Depois do desastre de Bush filho e da economia dos EUA abre-se espaço para o mundo ser multipolar. O Brasil pode se afirmar como potência mundial. Para isso devemos eliminar ou pelo menos minimizar alguns males seculares: a corrupção, a miséria extrema e a fome, elevar o nível educacional de todos os brasileiros, aprimorar a transferência de renda, criar um mercado internos forte, realizar uma verdadeira integração nacional para que o desenvolvimento seja para todos e cuidar da saúde das pessoas. A arte de Vik dá sua contribuição para este novo Brasil que desejamos e precisamos. Quem passar por São Paulo vale a pena visitar.

segunda-feira, 25 de maio de 2009


Seminário Carta Capital: O Brasil e a crise internacional.


Começou pouco depois das 09h nesta sexta feira dia 22 de maio na "macota" cidade de São Paulo. Palestraram Nouriel Roubini, Delfim Neto Aloísio Mercadante e o ministro da economia Guido Mantega.


Roubini, professor norte americano de conomia, falou da crise, de sua origem e da perspectiva de que o mundo não saia da mesma antes do ano de 2010 lá pelo final daquele. Alertou também contra a falsa recuperção econômica mundial apontada ainda para o segundo trimestre dese ano por econimistas otimistas.


BRASIL

Refletiu que o Brasil antes da crise estava crescendo menos que outros países "emergentes" e que para consertar isso o país deve investir pesado em infraestrutura, na melhoria da educação pública e das pesquisas, ampliar as políticas de inclusão social e ampliar seu mercado interno. Mencionou a regulação do mercado econômico brasileiro um exemplo a ser seguido pelo mundo, mas, sem exageros já que a excessiva regulação da economia poderá ser tão danosa quanto nenhuma regulação.


Brasil, Rússia, Índia e China (BRIC) podem ser um forte contrabalanço aos EUA depois desta crise. Porém para isso é preciso unir o potencial de cada país, no caso tupiniquim: território, recursos naturais, matriz energética e mercado interno para criar uma força sinérgica que permita esta inserção positiva no novo cenário mundial.


Delfim Neto e Aloísio Mercadante

O senador aloísio Mercadante e o ex-ministro Delfim Neto falaram do Brasil antes e depois da crise e de como o país pode atuar para proteger-se desta praga egípcia camada capiatl desregulado e crises cíclicas capitalistas.


Ministro Guido Mantega

O ministro comentou que o Brasil tomou medidas corretas para proteger-se da crise e que já vinha tendo um saldo positivo na criação de empregos formais nos últimos 03 meses, um luxo em tempos de crise.


Mencionou as reservas do governo e que nesta crise atual mais grave que a asiática, argentina e mexicana o país está em melhor situação e que depois desta crise o páis será um dos focos de destino de investimentos no mundo. Repetiu as palavras do presidente Lula de que o Brasil sairá antes da crise que os EUA e que o PAC, o Minha casa minha vida e os financiamentos dos bancos públicos são os que estão protegendo o Brasil desta crise.


Moraleja: O estado está salvando o capitalismo e os postos de trabalho no Brasil.


Pano Rápido: Ninguém no seminário, nem o mais inverterado petista falou em socialismo em contra proposta à crise.

quinta-feira, 21 de maio de 2009



James Bond e as vítimas da espionagem


Tenho um amigo que se considera paranóico. Nas conversas telefônicas sempre diz ter ouvido alguém espirrar do outro lado e pergunta, em todas as conversações, se seu interlocutor está gripado. Diante da negativa responde “estamos sendo monitorados”. A turma ri dele e de sua mania de crer numa tal teoria da conspiração. Em outros momentos pede aos amigos que não falem palavrões ao telefone porque poderiam escandalizar os ouvidos puritanos dos “meninos” anglo saxões na escuta.

Este colega lembra-me a cena básica dos filmes do 007: James Bond chega a na casa ou algo que o valha, do criminoso, e uma bela mulher sai de uma piscina ou do banho com roupas sensuais ou seminua e daí acontece um flerte que antes de chegar às vias de fato é interrompido por algum bandido ao qual ele vai dar combate. Outra é cena em que Ethan Hunt, Tom Cruise, está descendo por um finíssimo cabo dentro de uma sala secreta para roubar informações quando seu cabo quase se rompe e ele chega o rosto a poucos centímetros do chão onde impede de cair uma gota de suor. Filme: Missão Impossível.

Em geral obras como estas trazem uma imagem da espionagem como atividade de glamour na qual Bond, Ethan e seus similares estão combatendo contra algum super terrorista, uma mortífera ditadura em um país latino ou simplesmente combatendo o perigo do comunismo contra o “mundo livre”- leia-se EUA e Europa. O que estes filmes nem sempre mostram é como a espionagem é prejudicial a todos os povos do mundo e como seu combate é fundamental através da contra-inteligência.

A história está repleta de vítimas de ações de espionagem. Gostaria de comentar o caso de um judeu chamado Mordechai Vanunu. Foto.

O pacifista Vanunu trabalhava no projeto atômico secreto de Israel entre 1975 e 1986 e revelou
à imprensa inglesa que Israel através de espionagem havia roubado segredos militares dos EUA para produzir a bomba atômica tornando-se assim único país do oriente médio a ter a arma nuclear, conseguindo isso graças às ações de espionagem de judeus sionistas norte americanos.

Após sua denúncia estava em Londres onde seduzido por uma agente do Mossad, serviço secreto de Israel, que se dizia norte americana e pacifista. Foi com ela a Roma, na Itália, onde foi seqüestrado e levado para Telaviv. Julgado a portas fechadas e condenado a 18 anos de prisão dos quais 11 em solitária.

Ao ser libertado em 2004 lhe foram impostas as seguintes restrições: deve viver em alguma cidade do estado de Israel, deve comunicar às autoridades qualquer deslocamento entre cidades, não pode deixar Israel, não pode comunicar-se com estrangeiros por nenhum meio e não pode se aproximar de nenhuma embaixada, porto ou qualquer fronteira internacional a menos de 500 metros de distância. Vanunu é um prisioneiro de consciência em Israel que se diz a única democracia do oriente. Não há previsão de que estas restrições sejam retiradas no futuro.
Quando de sua libertação disse que não ser traidor de Israel e que queria que o mundo soubesse a verdade que o governo israelense ocultava. Afirmou que Israel não precisa de um estado, já que haviam sobrevivido como nação a milhares de anos e que os palestinos sim necessitavam de um estado nas suas terras originais tomadas por Israel.
Pano Rápido:
1-Amanhã texto O seminário: Brasil e a crise com opiniões de Delfim Neto, Aluizio Mercadante e Nouriel Rubin.
2-Próximos textos: sobre Arapongas no Brasil de Daniel Dantas e os cinco cubanos que são atualmente prisioneiros nos Estados Unidos condenados por suposta espionagem em julgamento questionado por organizações de direitos humanos, pelo governo cubano e entidades de solidariedade a Cuba.
3- Vc sabia que o presidente Barack Obana pode determinar a libertação dos 5 cubanos? Para saber mais http://www.cubadebate.cu/index.php?tpl=design/especiales.tpl.html&newsid_obj_id=15059

quarta-feira, 20 de maio de 2009




Cafundó

Lázaro Ramos vive João Camargo, líder religioso da cidade de Sorocaba do século XIX.

Domingo de frio na terra natal de Drummond, no almoço comíamos carne cozida com mandioca, arroz e feijão com muito alho e cebola. Na mesa três filhos da diáspora africana miscigenados a ferro e força formando parte deste Brasil. Janaína propôs ver o filme escolhido na locadora na véspera. Não queria, imaginei um filminnho sem cor e sem gosto. Ledo engano. Vimos e fui de encontro às nossas raízes.

Se, no pagador de promessas a intolerância do padre, do Zé do Burro e da polícia matam o personagem principal, em Cafundó o respeito por todos os seres da natureza, nossos orixás, nossos santos católicos, nossas crenças espíritas se fundem numa religião brasileira. Esta aceita que o homem faça uma promessa para encontrar seu animal de estimação perdido. Levinda prostituida por seu amante é aceita na comunidade. Doentes, pobres sem abrigo são recebidos por um homem que abre mão de sua vida particular para ser o preto velho que acolhe os que têm medo e sofrem. O dinheiro e as doações feitas pelos que alcançavam graças vão ser distribuídos entre os que nada têm. Quantas vezes o etnocentrismo ensinou-nos a temer a figura do preto velho e tudo que fosse da religião afrobrasileira?

A direção é de Paulo Betti, lindas imagens, cantos e danças de negros e negras, com a sua fala errada, a fala certa do povo como diria Manuel Bandeira. Não é um filme manifesto assiste-se à verdade sem criar esquemas primários tipo brancos maus contra negros pobrezinhos. Nada disso, o filme é bom por fazer uma leitura aberta e fraterna da história do Brasil sem negar os erros .

Na parte de extras entrevistam o falecido sociólogo Florestan Fernandes sobre a pessoa de João Camargos e há um bate papo com Paulo Betti contando o fascínio deste líder religioso do interior de Sorocaba sobre sua pessoa.

É um filme sobre a tolerância religiosa no Brasil sobre o respeito que vem sendo conquistado com muitas lutas pelos negros.


PANO RÁPIDO ( COMENTÁRIOS):
1-Recebo a informação da amiga Alyne de Juazeiro do Norte (CE) da greve dos anestesistas da cidade que se recusam a trabalhar por 700 reais por 12h de plantão. A população esperando as cirurgias e a administração de mãos atadas pela lei de responsabilidade fiscal e pelo grupo que não aceita negociar com a prefeitura.

2- A Afrobrás em SP está realizando a formatura de 241 administradores de empresas. É a sua segunda turma.
3-Quando abriremos as portas das universidades brasileiras para jovens de comunidades carentes principalmente afrodescentes e negras e negros estudarem medicina?

4- Quantas vezes vc foi antendido por um médico ou médica negro?

terça-feira, 19 de maio de 2009

Liberdade ainda que Tantam
Ontem cheguei à Praça Sete, de Setembro, no epicentro de BH às 14:15 e fiquei por lá como bom mieiro matutando sobre o que acontecia ao redor.
Aos poucos eles foram chegando, uns sós, outros em grupos e outros vindo pela mão de um parente. Em menos de meia hora a praça estava tomada de familiares, portadores de sofrimento metal, belos e belas estudantes e trabalhadores da área da saúde mental.
às 15h saímos em desfile pela Avenida Afonso Pena o grupo cerca de mil pessoas sambando e cantando, três caminhões de som iam tocando o samba enredo e celebrando a luta pela vida fora dos manicômios com muita festa.
Convidado pela amiga Sirla fiquei na Ala do Cersam ( CAPS) Venda Nova. Ao receber a fantasia perguntei-me: " Tenho cara de louco de sobra. Ao verem-me vestido assim não serei confundido com algum paciente?" Neste momento lembrei de umas das frases nas faixas: Onde mora o seu preconceito? Pude ver que ali havia mais que pacientes e cuidadores. Havia uma troca de afeto muito grande, uma intimidade respeitosa entre todos.
Vestíamos fantasias brancas e os pescoços adornados por mangueiras amarelas de contrução que enroladas davam sons polifônicos. Foi um festival de sopros nas mangueirinhas. Risos, gritos e muito samba. Recomendo o conto Soroco, sua mãe e sua filha de Guimarães Rosa que fala desta emoção de festa coletiva sem razão.
O desfile tinha ala de crianças, tinhas mulatas sambando firme, fantasias dignas da Sapucaí e muita gente alegre das janelas dos edifícios soturnos de BH acenando para aquele bando de "doidos" lá na rua: familiares, médicos, psicólogos, enfermeiros, professores, assistentes sociais e portadores de sofrimento mental afirmando o direito de todos serem tratados com dignidade e amor.
Uma das cenas que me encheu de alegria foi ver uma senhora que coduzia três homens, seriam irmaõs? Ela se agarrava a às fantasias deles e eles davam as mãos uns aos outros e iam dançando no ritmo deles o samba. Há vinte anos qual seria o dia a dia deles? Presos, acorrentados talvez. Em algumas camisetas o "slogam" da atividade: Sinto logo existo. Os tímidos iam aos poucos lançando-se no samba com a alegria dos que não são normais. Dos que não são escravos de normas desumanas e cruéis. Alguns destribuiam rosas vermelhas para mulheres nas calçadas e folhetos sobre oDia Nacional de Luta Antimanicomial.
Foi umabela tarde de reafirmação do caráter universalista do SUS e da saúde como um direito para todos. De que a saúde mental só pode ser construída em comunidade, ao viver junto dos outros. Por isso lembrei-me com especial carinho do Movimento de Saúde Mental Comunitária do Bom Jardim em Fortaleza que também estava celebrando por lá a liberdade e a vida com dignidade para nossos irmãos e irmãs.
Saí do samba sabendo( perdoem a cacofonia) onde estava meu preconceito e disposto a encará-lo de frente. E você já sabe onde mora o seu?
Pano rápido: Hoje 19 de maio data da queda de Martí em combate. Sandra a posição do corpo, como morreu, se foi morto ou se matou-se não importa. Importa sua fidelidade ao sonho de liberdade Cubano e as idéias da Nossa América. Besos en Luciano.

domingo, 17 de maio de 2009

Parabéns companheiras e companheiros!!!!!

Hoje temos muito a celebrar. Outros 15 companheiros graduados em Cuba em diferentes anos revalidaram seus diplomas pela UFAL após prova escrita e teórica.

Além dos 13 nomes apresentados pela Paizinha no grupo do gmail, há outras duas companheiras Carolina de Alagoas e Dolores de Mato Grosso que alçaram mais este vôo.

Somente com o apóio de Cuba o Brasil pode dispor a partir de agora de mais 15 médicos liberados plenamente para o exercício da medicina sendo a maioria deles de famílias pobres ou de classe média baixa que não poderiam pagar a bagatela de R$ 4.456,16 ao mês, valores de janeiro de 2009, em uma faculdade particular como a Unifenas em Belo Horizinte.

Ainda somos mais de 260 médicos graduados em Cuba entre 2005 e 2008 sem revalidar nossos diplomas. O GT do ministério da educação não caminha e as perspectivas de um prova andam meio estranhas.

De nossa parte além de estudar firme para estas provas e trabalhar para sobreviver, é necessário que comecemos a pensar como grupo a partir dos já revalidados como intervir na realidade do nosso país para salvar o SUS, impedir a as terceirizações da saúde e criar um agenda positiva com a classe médica nos sindicatos e conselhos de classe para que os profissionais da saúde possam trabalhar com dignidade e que a população que é mais carente possa receber o adequado tratamento. QUE FAÇAMOS DA SAÚDE UM DIREITO INALIENÁVEL, UM DEVER DO ESTADO E DA SOCIEDADE PARA TODOS. Este será um dos caminhos para se contruir um país onde homens como o senador Efraim(DEM) não possa ter espaço na política. Um país se faz com homens e livros diria Monteiro Lobato. Cuidemos da saúde dos homens( todos os seres humanos) e vamos aos poucos colocando livros em suas mãos. Para que possamos livrar-nos do tráfico de drogas, da violência e dos criminosos de colarinho lavado em lvanderias do legislativo, executivo e judiciário de nosso Estado.
Segue a lista dos 13 revalidados:
Brysa, Camila, Christian, Dilma, Eliane, Juliana Correa, Juliana Batista, Lia, Luciana, Makson, Mauro, Mirian e Soeli
Brasil teu nome é Efraim

copiado do iste do Josias de souza.

Efraim, o ex-1º secretário, emprevaga 52 fantasmasSérgio Lima/Folha
Na noite desta sexta-feira (15), senadores ligados a José Sarney (PMDB-AP) festejavam discretamente a chegada da CPI da Petobras. Faziam uma aposta: a petro-investigação vai substituir as mazelas do Senado nas manchetes dos jornais. “O noticiário vai mudar de assunto”, disse um senador ao blog. Difícil, improvável. Os contenciosos administrativos do Senado, por abundantes, não param de jorrar malfeitos sobre as páginas. Deve-se aos repórteres Otávio Cabral e Alexandre Oltramari a penúltima novidade. Levaram às páginas de Veja uma peripécia de Efraim Morais (DEM-PB). Nos últimos quatro anos, o senador respondeu pela primeira-secretaria do Senado. Deixou o cargo em fevereiro passado. Descobriu-se que dava emprego a 52 fantasmas. Eram cabos-eleitorais do senador, na Paraíba. Não davam as caras em Brasília. Mas o Senado bancava-lhes o contracheque. Só em salários, os fantasmas de Efraim custaram à Viúva, nos quatro anos em que ele reinou na primeira-secretaria, algo como R$ 6,7 milhões. Deputados e senadores dispõem de verba específica para o quadro de “assessores”. A contratação de cabos eleitorais, embora deletéria, é usual. O diabo é que Efraim levou o corriqueiro às fronteiras do inaceitável. Dos 52 fantasmas contratados pelo senador, 37 foram pendurados na folha da primeira secretaria. Os repórteres manusearam uma planilha de computador. Anota os nomes dos fantasmas de Efraim e dos respectivos padrinhos. Eis alguns exemplos: 1. Dalva Ferreira dos Santos: Beliscava salário mensal de R$ 2.313. Não aparecia no Senado. Ouvida, explicou: "Trabalho para o senador na política. Peço voto, organizo comitê, falo com as pessoas, faço comício". Dalva é primeira-dama de Brejo dos Santos. O marido, Lauri da Costa, além de prefeito, é advogado de Efraim. 2. João Pedro da Silva: Atende pelo apelido de João da Rapadura. É ex-prefeito de Lagoa de Dentro. Jamais esteve em Brasília. Abordado, disse: "Sou contratado para fazer política para o senador Efraim aqui na região”. Estranhou o interesse do repórter. “E quem é você mesmo?". Silenciou: "Não vou falar mais nada”. 3. Merenciana Pollyenne Duarte: É filha de Francisco Duarte Neto, ex-prefeito de Sumé. Exceção à regra, mora em Brasília. É estudante de medicina. Eis o que disse o pai: "Quando o senador precisava, ela ia lá e fazia algum serviço. Não ia todo dia, mas estava à disposição e ganhava uma bolsa de R$ 1.100 por mês". Na planilha, o salário atribuído a Merenciana é maior: R$ 2.313. 4. Antonio Albuquerque Cabral: Neste caso, é o nome do padrinho que chama a atenção. Ex-prefeito de Cuitegi, Tota, como é conhecido, foi preso no ano passado. Acusação: receptação de carros roubados. Também responde judicialmente pelo sumiço do motor de três carros da prefeitura. A despeito de tudo, Tota de Cuitegi acomodou uma assessora na folha fantasmagórica de Efraim. Vencimentos de R$ 2.313. Como primeiro-secretário, Efraim mantinha relação direta com dois ex-diretores do Senado: Agaciel Maia (direção-geral) e João Zoghbi (Recursos Humanos). Ambos estão com o Ministério Público no encalço. Farejam-se contratos firmados com a anuência do senador. Ele nega participação em malfeitos. E quanto aos fantasmas? "Não fiz nada de errado", diz Efraim. Foi entrevistado por Veja. Vão abaixo alguns trechos:
- Como explica que tenha dado emprego a 52 pessoas que não trabalhavam em Brasília? Elas faziam assessoria para mim. Eu não tinha obrigação de ser apenas o gestor do Senado. Também tinha um espaço político que precisava ser utilizado. Eu melhorei minha assessoria no meu Estado. - Mas os funcionários estavam lotados na primeira-secretaria, não no seu gabinete.O regimento da Casa me dá esse direito. - Que tipo de assessoria eles prestavam ao senhor? Assessoria política.- Onde ficavam? Na Paraíba.- Pode citar uma atividade específica que exerciam?Na atividade política não há exatamente o que fazer. É uma ação política, abstrata, se faz aquilo que é preciso ser feito.- Não acha que o contribuinte deve saber o que fazem os servidores públicos? Não estou fazendo nada de errado. Eles pertencem à estrutura que eu dirigia. Não criei nada. - O Senado auditou, até agora, quatro de 34 contratos assinados pelo senhor desde 2005. Concluiu-se que foram superfaturados.Todos eles foram aprovados pelo Tribunal de Contas da União. - Um ex-assessor do senhor, Eduardo Ferreira, se encontrava com integrantes da quadrilha que fraudava licitações. Qual é a sua relação com ele? Conheci Eduardo na Câmara dos Deputados há quase dez anos. Fizemos amizade. Não havia nenhuma outra relação a não ser essa. Já expliquei isso à PF. Quando ele foi investigado pela polícia, em 2006, já não era mais meu assessor. Há um documento do Ministério Público que diz que eu não estou sendo investigado.- Esse ex-assessor foi filmado pela PF abrindo a porta de seu gabinete no meio da noite. Todo funcionário meu tem a chave do meu gabinete. Só quem não tem chave sou eu.- Mas como, se ele não era mais seu funcionário? Ele ficou com a chave. Não a devolveu. Eu não sabia [...]- Tem negócios com ele? Nunca tive negócio com nenhum funcionário meu.- Existe uma procuração dele transferindo ao senhor 50% das cotas de uma empresa em Brasília. Eu nem sabia disso. Ele passou a procuração para mim sem eu saber. Tudo o que possuo está no meu imposto de renda.- Qual é o seu patrimônio declarado? Tenho três fazendas que, somadas, talvez não formem uma. Também tenho dois apartamentos em Brasília e um apartamento e uma casa em João Pessoa. É basicamente isso. Foi tudo adquirido antes de me tornar senador, com exceção da minha casa na praia. - Qual é o valor declarado de seu patrimônio? Não se mede um homem pelo que ele tem. Mas é em torno de 2 milhões de reais, ou menos.

quinta-feira, 14 de maio de 2009

A vida de José Martí

A Geração do Centenário do Apóstolo

Em maio de 1953 um grupo de jovens autodenominou-se a Geração do Centenário do Apóstolo da independência cubana. Este grupo era liderado pelo jovem advogado Fidel Castro Ruz e vivia sob a ditadura de Fulgêncio Batista em Cuba.

Neste mesmo ano a Geração do Centenário faria o ataque ao quartel Moncada no dia 26 de julho durante o carnaval que era marca do fim da colheita da safra de cana de açúcar na cidade de Santiago de Cuba e daria início ao terceiro momento do processo de lutas pela verdadeira independência cubana iniciado em 1868 por Carlos Manuel de Céspedes e depois por José Martí em 1895.

Ao ser preso pela ditadura depois do ataque ao quartel Moncada, Fidel Castro questionado sobre quem era o autor intelectual do ataque não teve dúvidas e disse: “José Martí”. A presença do apóstolo na consciência cubana é profunda e inspiradora. Ele é símbolo do homem de ideais e de armas quando necessário.

Dos membros da Geração do Centenário, poucos sobreviveriam para ver Fidel Castro entrar em Havana no dia 08 de janeiro de 1959 como líder da recém vitoriosa Revolução Cubana.

Nos próximos textos entraremos na história da Revolução, seus passos iniciais rumo à construção da liberdade, assim como desejamos refletir sobre temas polêmicos do país e ainda que timidamente contar um pouco de nossa experiência pessoal na Ilha.

Homem fundamental na história cubana é José Martí. Poeta, jornalista, ensaísta, professor de literatura, advogado e filósofo, escritor de livros para adultos e crianças, diplomata em nome da Argentina e Uruguai e líder do Partido Revolucionário cubano. Estas e outras atividades desempenhou em sua curta e fulgurante existência entre 1853-1895.

Nossa América

José Martí trouxe para os latino americanos a percepção do perigo do poder dos EUA sobre os povos ao sul do Rio Bravo e mais que isso trouxe-nos sua visão de como deveria Nossa América em contraponto à América do norte: os EUA.

Antes dos modernistas brasileiros criarem o conceito de antropofagia cultural do qual o livro Macunaíma de Mário de Andrade é o maior exemplo, Martí já propunha a construção de uma sociabilidade latino americana. A Nossa América para ter sentido deveria construir sua civilização sobre seus próprios valores herdados dos índios, negros, migrantes de diferentes partes do mundo e até dos europeus incorporando os aspectos positivos das culturas de fora, mas mantendo como tronco principal nossos valores e nossas tradições.

Considerava que os Estados Unidos da América do norte tinham grandes homens no seu passado como Washington e Lincon, mas, não ofereciam nada de novo ao mundo. As treze colônias reproduzem o mesmo ideal de sociedade da européia com suas virtudes e seus erros. Ou seja, para existir com dignidade não podemos copiar fórmulas de fora, distantes de nossa cultura e de nossas raízes latinas, “Ou inventamos ou erramos” vaticinou San Simón.

Vida curta e intensa

Nasce sob o nome de José Julián Martí Pérez em 28 de janeiro de 1853 na cidade de Havana. Sua casa natal atualmente é um belo e singelo museu pintado de amarelo do lado de fora e fica próximo à estação de trens de Havana. Nele podemos encontrar cartas, fotos, documentos e alguns dos seus escritos.

Seus pais eram espanhóis pobres que haviam migrado a Cuba em busca de uma vida melhor e tiveram sete filhas e o caçula. Teve como professor e preceptor Rafael Maria de Mendive que era dono de um colégio, o San Pablo e que percebeu no menino sem recursos para pagar a educação um prodígio. Aos treze anos de idade tenta traduzir ao espanhol os poemas de Byron e o teatro Hamlet, de Willian Sheakspeare. Participa de recitais de poesia e se interessa por cultura e ciências.

Aos 15 anos fará poemas apoiando a primeira guerra de independência de Cuba e manifesta sua rejeição aos cubanos que apóiam o domínio espanhol ao invés de lutarem por seu país. É um leitor atento e criativo de escritores de todo o mundo.

Aos 16 anos será levado a julgamento por ser a favor da independência de Cuba frente à Espanha.

Neste momento Martí como cada um de nós em algum momento de nossa vida, se vê diante do dilema de negar as acusações que pesavam sobre ele e aceitar uma vida cômoda em Cuba dedicando-se à vida intelectual descompromissada e perto de sua família mesmo vendo o país sob opressão e exploração espanhola ou fazer como dissera Charles Dickens de viver o desafio de ser o herói e profeta da própria história. A segunda foi a escolha do jovem intelectual mesmo sabendo que sua escolha implicaria em dor para ele e sua família. Não quis renunciar aos seus valores. Ao invés de fugir às acusações, as assume e faz do seu julgamento um espaço para defender a liberdade de Cuba sendo então condenado a quebrar pedras em um campo de trabalhos forçados. Depois de seis meses nesta situação desumana é enviado para a Ilha de Pinos, atual Ilha da juventude e um ano mais tarde aos 18 anos é condenado ao exílio na Espanha.

A dor do exílio
Degradado irá viver na Espanha, México, Guatemala e mais de dez anos em Nova Iorque nos EUA. Por toda parte defende por escrito, em debates com cubanos que vivem no exterior e em manifestações públicas a independência cubana.

Será nos EUA onde desenvolverá parte de sua produção intelectual, compreenderá o nascente imperialismo americano e onde começará a reunir os revolucionários cubanos que haviam assinado um cessar fogo com a Espanha em 1878 para reiniciarem a segunda guerra de independência.

Morte em combate

No início de 1895 Martí é nomeado líder máximo do Partido revolucionário Cubano e líder militar do grupo independentista partindo para a Ilha junto de Máximo Gómez, António Maceo e suas tropas.

No dia 19 de maio morre em batalha. Deixa poemas, contos, ensaios, a revista infantil Idade de Ouro. Fica um conjunto de cartas e ensaios nos quais defende os valores de uma América latina mestiça e que por isso mesmo é criativa e novidade para um mundo sem equilíbrio. Duas grandes guerras do século XX provarão que Martí tinha razão de que o projeto de vida capitalista europeu - estadunidense de vida em sociedade estava fadado ao fracasso.

Em 1899 Cuba torna-se independente da Espanha, mas agora sob o domínio dos EUA. Ainda demorarão muitos anos para que os sonhos martianos sejam realizados.

Na véspera de sua morte deixa uma carta incompleta ao amigo mexicano Manuel Mercado: “Estou todos os dias em perigo de dar minha vida pelo meu país e pelo meu dever - entendo e tenho ânimo de realizar isso - de impedir a temp, com a independência de Cuba, que se estenda pelas Antilhas os Estados Unidos e caiam com esta força a mais sobre nossas terras da América. Tudo que fiz até hoje e farei é para isso. (...)”.

Na cidade de Santiago de Cuba no cemitério de Santa Ifigênia descansam os restos mortais deste grande filho da América. A cada meia hora um pequeno grupo de militares faz uma breve cerimônia de troca de guardas de honra em frente ao mausoléu.

São quase cinco da tarde. Aos poucos o sol vai dando lugar às sombras que refrescam o dia quente do Caribe. Olho em volta e vejo árvores, um grupo de meninos que voltam da escola com seus uniformes tortos e sujos.

Sinto o tamanho dos sonhos deste que em vida encontrou luta e sofrimento. Vejo que Martí repousa em Paz. A Nossa América para além de teorias cabe aqui nesta tarde de julho. De volta para casa vou lembrando a frase do apóstolo de que “Pátria é humanidade”.

* Sidnei Rodrigues de Faria é Médico generalista graduado na Escola Latinoamericana de Medicina- ELAM.

Para conhecer mais sobre José Martí:

1- Associação cultural José Martí de Minas Gerais. Fone (31) 32220118; 32220118; 88336288 e Fax: (31)32220118. E-mail acjmmg@ig.com.br
2- Associação de pais e apoiadores dos estudantes brasileiros em Cuba. E-mail: apacdf@gmail.com Página na Internet: http://www.programandoofuturo.org.br/apac/
3- http://www.guantanamera.org.br/marti.htm