sexta-feira, 2 de outubro de 2009




O século do BRICs:
Lula é o novo Brasil




Na história humana em cada período um agrupamento humano criou um modo de produzir bens materiais, idéias e valores morais e disputou com outros agrupamentos o poder. Esse processo é o que hoje em dia chamamos de hegemonia graças à contribuição do italiano Antônio Gramsci. Ou seja, hegemônico é o grupo que consegue através da coerção e também do convencimento fazer crer que sua proposta de guiar a sociedade é a mais adequada. Como exemplos: a casta sacerdotal no Egito antigo, os líderes políticos da Pólis Grega, o império Romano, a Igreja Católica durante a idade média e desde o renascimento a burguesia e o seu modo de produção capitalista.

Em seu tempo cada um destes grupos produziu formas de viver acordes com o seu modo de produzir e distribuir bens. Trouxeram alguns avanços para a qualidade de vida no planeta e também sua dose de opressão sobre seus adversários e sobre os povos em geral. Porém, a humanidade chegou a uma esquina da história neste inicio de século XXI na qual sua decisão de que caminho vai seguir irá definir não apenas a relação entre os países e a vida dentro destes, se mais humana e livre ou se mais escrava e tola, mas também a qualidade de vida e sobrevivência humana no planeta Terra.

Século Norte Americano
O século XIX foi a preparação para os EUA tornarem-se a nação hegemônica no seguinte. As duas guerras mundiais, a disputa com a União Soviética, o FMI, O Banco Mundial, a Organização Mundial do Comércio e o ascenso do Neoliberalismo foram alguns signos do século americano. Este foi um século de grandes sonhos e grande opressão que permite concluir que sob o capitalismo uma vida plena é impossível. É incompatível para o capital produzir riquezas e bem estar humano ao mesmo tempo. É necessário neste sistema o egoísmo, a máquina de moer gente e sonhos.

Os dois desastrosos governos de Bush Júnior nos EUA com suas guerras, a gestação da crise econômica mundial, o ressurgimento de governos de centro e esquerda na América Latina com um forte projeto de integração regional que rejeita as imposições Washington e o surgimento da China como potência econômica e credora dos EUA abre espaço para que o este século seja dos BRICs.

O apelido BRICs é usado para designar Brasil, Índia, Rússia e China como um dos novos pólos da economia mundial. O capital na Europa não conseguiu se reorganizar sob a base de um estado de bem estar social e por outro lado não dobra o povo europeu e seu velho status de qualidade de vida. Assim, a Europa simplesmente, sem questionar, segue aos EUA para não perder suas atuais vantagens. Exemplo disso é o apóio da Inglaterra na desastrada guerra baseada em mentiras sobre armas de destruição massiva no Iraque e sobre o esconderijo de Osama Bin Laden no Afeganistão sob a proteção dos Talibãs. Por outro lado o Japão que assustou os EUA com grande dinamismo econômico no inicio da década de 1990 está estagnado sob o peso da crise e uma de suas conseqüências é o regresso ao Brasil de descendentes japoneses que vivam por lá empregados na indústria e serviços.

Ser potência para que?
Neste contexto ganha peso a possibilidade destes quatro países do BRICs reverterem suas histórias em prol de melhorias na qualidade de vida da sua população: alimentar a todos, dar educação gratuita e de qualidade aos seus cidadãos. Produzir e distribuir melhor a riqueza, ou seja, a qualidade de vida.

É importante lembrar que as políticas sociais ao invés de empobrecerem o Estado tornam a sociedade mais complexa e capaz de avançar em termos de produção de tecnologias e de mercado interno de consumo gerando ciclos virtuosos que diminuem a dependência ao mercado externo. Em médio prazo as políticas compensatórias: Bolsa Família, Prouni, programa de Cotas, o Programa da Saúde da Família e outras que precisam ser efetivadas como a reforma agrária, a reforma urbana e o combate à violência darão ao Brasil mais dinamismo na economia mundial. Reforçando seu papel de potência mundial.

Existe a possibilidade do Brasil e seus colegas do BRICS tomarem as rédeas nas relações internacionais para preservar o meio ambiente, promover o desenvolvimento sustentável, erradicar a miséria nos seus territórios e solidariamente apoiar a África e a América Latina e diminuir os conflitos armados mundiais muitos dos quais interessam à atual política econômica e militar dos EUA. Neste último sentido é importante lembrar que neste mês de agosto de 2009 o presidente do Brasil questionou ao presidente Obama o porquê das bases militares na Colômbia. Sob suas armas o governo dos EUA tenta garantir recursos energéticos para manter sua economia.

2010
O presidente Lula, assim como o governo chinês e o indiano defende a idéia de que o Estado deve ser vetor de desenvolvimento, das relações entre os países Sul-Sul como meio de equilibrar as economias destes países e combater à miséria. Esta política permite o apóio entre países pobres para melhorar suas possibilidades de desenvolvimento social e econômico.

Nos últimos vinte anos a China tirou 200 milhões de pessoas da pobreza e as colocou na famosa classe média. No Brasil as políticas sociais do governo federal tiveram efeito parecido ainda que em escala menor. É preciso lembrar que a violência medida através dos assassinatos no Brasil tem diminuído e que o controle social vem avançando a duras penas, mas vamos adiante.

A despeito do péssimo Congresso Nacional que confunde seus privilégios individuais com as necessidades da maioria da população e da postura golpista dos grandes jornais, revistas e emissoras de televisão Lula têm feito o melhor governo do Brasil desde a época de Vargas e com vantagens sobre ele, em um regime de democracia plena.

As eleições do ano que vem colocam em cheque esta porta aberta por Lula em seus sete anos de governo: o Brasil pode consolidar seu papel de liderança na América Latina e no mundo crescendo dentro do BRICs ou volta a submeter-se à política dos EUA, que é a defendida por FHC e Serra. A submissão cega a Washington significa entre outras coisas: dívida externa, corte de gastos sociais, privatização dos bens públicos(entenda-se Petrobrás e os recursos do Pré- sal), aumento da corrupção e da violência.

Uma eventual vitória de Dilma Rousself no ano que vem pode manter o Brasil como líder da América Latina. Os políticos de direita dizem que o Brasil deve afastar-se da Venezuela, Bolívia, Equador e Cuba e voltar a priorizar as relações com Washington. Nada mais equivocado. Cada um destes países tem condições de contribuir com o pleno desenvolvimento do Brasil e o Brasil com o deles.

Nesta quinzena vimos fatos que mostram para o mundo quem é este novo Brasil no cenário internacional: Lula interveio na ONU e garantiu que Zelaya permaneça na embaixada do Brasil e lança tentos para a volta da normalidade democrática em Honduras e no dia 02 deste mês recebemos a ótima notícia de graças ao empenho do governo federal, de Lula e do ministro dos esportes e de um grande grupo de brasileiros esportistas e políticos do estado do Rio de Janeiro, a antiga capital da república será a primeira cidade da América do Sul a sediar uma olimpíada em 2016. Ganhar medalhas nesta olimpíada é um novo desafio para o Brasil. Isso é tema para um novo encontro. Boa semana.

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