A maioria de nós vive grandes e belas experiências cotidianas
e que a maioria não compartilha nas redes sociais. Vou compartilhar porque de
dores e tragédias os jornais estão cheios. E há tantos amigos com quem gostaria de
celebrar este momento. Desejo também com esse relato agradecer a todos vocês
que fazem parte da minha vida e me trouxeram até aqui onde posso servir com
alegria e humildade.
2016 foi barra para todos nós: Governo Dilma se esfarelando, eleições
municipais onde a antipolítica venceu. Veio
o golpe e seus produtos. E vimos as políticas sociais sendo desmontadas
velozmente e o projeto de uma nação justa voltando a ser sonho.
2017 começou pesado para minha família e para mim: Multas
indevidas, fomos vítimas de roubos e também de problemas de saúde de alguns de
nós. Exército nas ruas contra manifestantes, massacre da polícia militar no
Pará matando dez pessoas em pau D’arco. O
STF liberando pessoas que foram pegas com 500mil reais de corrupção e
protelando a prisão de quem avisou que era só matar antes de fazer delação. Um
presidente golpista e postiço e a promessa de seis milhões de reais para cada
deputados que votar a favor da deforma da previdência. Uma nova ameaça a mais à
Vargem das Flores e a ameaça de despejo com violência dos moradores da ocupação
perto do Ceasa MG. Na contramão disso veio a alegria dos
trabalhos do Instituto Fidel Castro e nossa valorosa equipe multiprofissional.
Hoje fui fazer as visitas aos médicos do PSF e um deles agendou
com uma paciente gestante para que eu a visse. Ela tem HIV e por várias razões
não se trata. A idéia da consulta era ver
como ela estava e tentar ajudá–la do melhor modo para que tomasse os
medicamentos até a data em que o seu Davi nascesse.
Voltei de uma visita
domiciliar junto de outro médico a um senhor de 75 anos e acamado e que sofre
dores terríveis devido a uma inflamação na região da coluna. A gestante esperava. Assim que começamos a
conversar, a paciente queixou que sentia dores em baixo ventre iniciadas no dia
de ontem e piorada hoje. Estava inquieta e com dor. Já com 37 semanas de
gravidez. A examinamos e estava em trabalho de parto.
E a bolsa rompeu
Já estávamos terminando
a consulta quando ela queixou de que estava escorrendo líquido pelas pernas,
mas não era xixi. Está nascendo! Avisou
assustada. Peguei meu carro e os papéis
que o colega já havia feito e fui com ela e a irmã que a acompanhava para a UPA
Vargem das Flores onde trabalhei por vários anos e onde tenho tantos e queridos
amigos e amigas.
Entramos pela porta da urgência e a colocamos na maca. O bebê já apontava parte da cabeça. As colegas enfermeiras, o plantonista da UPA
e eu estimulamos a mãe e Davi veio para a vida em minhas mãos e a mãe respirava
aliviada de suas dores. De choro forte
ele anunciou sua chegada a esse mundo.
Todos nós ali após os cuidados iniciais com
ele nos maravilhamos com a renovação da vida, com a esperança de dias melhores
para nós e para o mundo e também em silencio renovamos nosso compromisso maior
na saúde: cuidar da vida com amor.
Seja bem vindo pequeno. Que sua vida seja cheia de alegrias e
boas lutas por um mundo melhor.