terça-feira, 16 de junho de 2009






Iracema uma transa amazônica

Entre as boas coisas de Itabira estão: o frango com quiabo da Rita, o artesanato da Nega, o boteco Estufadinho, para jogar sinuca e também por lá há a portentosa locadora Itabira Filmes. Foi por lá onde encontrei o filme cujo título é este aí de cima.

Realizada em 1974 no estado do Pará, a obra conta a história da cabocla Iracema, 15 anos, prostituída e (Sebastião) Tião Brasil Grande, caminhoneiro gaúcho com quem ela sai de Belém visitando diferentes lugares do estado até separarem um do outro seguindo ela viagem sozinha. Sem falsos sentimentalismos, sem manipular ou espetacularizar a pobreza ou mesmo julgar as vidas e condutas das pessoas nos leva com eles com suas idéias, seus dias e noites.

Os atores são: Paulo César Pereio e Edna de Cássia, que não era atriz profissional tendo sido encontrada pelo diretor em programa de auditório na capital paraense.

Iracema é uma mistura de mestre entre ficção e documentário. Com parcos recursos materiais o diretor Jorge Bodanzky mostra nessa obra seu grande personagem o caboclo da Amazônia brasileira. A distância entre o Brasil do Milagre, da copa de 1970, das modernas capitais: Rio e São Paulo e o Brasil dos brasileiros. Enquanto a economia cresce, Somos a oitava potencia econômica, Iracema vai descalça servir café feito em fogão à lenha para os trabalhadores que fazem uma ponte na estrada transamazônica. Índios de óculos escuros, o fogo na mata a poeira da estrada, os pobres comércios e lugarejos, os shorts com o nome de refrigerante.

Retrata a grilagem de terras dos posseiros, o trabalho escravo, o tráfico de seres humanos, a exploração das madeireiras sobre a floresta amazônica. Um Brasil de leis para pobres e mestiços.

Após ver Iracema: uma Transa amazônica, Fernando Meirelles, diretor dos filmes cidade de Deus e A Cegueira declarou que decidiu fazer cinema. “Isso é o que eu quero fazer da minha vida” conta ele em entrevista onde se disse impressionado com Edna de Cássia e pergunta: “Onde ela anda?” Tornou-se professora, tem dois filhos e um neto.

A cabeça baixa, a pele morena, o corpo troncudo e musculoso, os poucos dentes, os pés no chão, as roupas simples, suas vidas e sonhos, carregando grandes pesos, sustentando o Brasil Grande nação. Estes personagens anônimos da história oficial são centrais no filme.

Vale a pena procurar.
Moraleja: Outros bons filmes que recomendo entre tantos: Macunaíma, Eles não usam Black Tie, A idade da tera, Estamira, O Cheiro do Ralo, Memenro( amnésia ), Dogville, o Clube da luta, Pulp Fiction....

Nenhum comentário:

Postar um comentário