domingo, 5 de julho de 2009


Estar só.

A solidão não é o mesmo que estar só.
Mas, a solidão acostuma às vezes a ser uma colega, companheira mais presente que qualquer um dos que amemos. Uma amiga escreveu-me contando que ficará longe do namorado por algum tempo e que isso a entristece, ela já ficou seis anos longe da família. Refleti sobre como o desenvolvimento humano exige de cada um de nós momentos de solidão e separação. Em alguns momentos, apenas físico e outros também mental e espiritual. Aqui solidão não tem nenhum contexto de medo ou desespero, é tempo para si.

Uma nova cidade, mãe, sobrinho, irmãos, amigos e namorada longe, a história se repete, dura como sempre e com menos drama. Sentir estes momentos de solidão nos ensina o quanto é sagrado os momentos passados com os que amamos por curtos que sejam. Nossa vida começa junto de outra pessoa, nossa mãe que nos recebe e termina só, porém nos braços de outra mãe que também nos ama e nos recebe com carinho a terra. A grande diferença será no entreato dos nossos dias por aqui.

Organizar a comida e ter paciência para cozinhar para si apenas. Comprar frutas, não exagerar na bebida, escrever e-mails, pagar contas e calcular quando se encontrará um velho sorriso conhecido. Lembrar da limpeza, do cuidado com o espaço em que se vive e da boa higiene da mente. Trabalhar, estudar e fazer exercícios. O mesmo que tiveram de fazer todos os que deixaram suas famílias para irem buscar a formação médica em Cuba ou exercer a medicina sem discriminação na Especialização em Medicina de Família em Fortaleza.

Atiro-me a pensar na solidão de grandes seres, que foram grandes por perceberem seu sentimento e dor igual ao sentido por todos. Mandela, Mordechai Vanunu, Buda, Olga Prestes, Jesus e Che Guevara, os dois últimos feridos esperando a morte final.

Penso em outras solidões: de Michael Jackson, de Christopher Mclandles, dos cinco heróis cubanos presos em cadeias nos EUA condenados injustamente à prisão perpétua, todos nossos Moradores de Rua e dos Sem Teto, Tem Terra, sem Sanidade Mental, dos abandonados pela sociedade às drogas e criminalizados por fumar craque, cheirar cocaína ou fumar maconha, dos que perderam sentido da vida e consomem pessoas como se fosse chocolate sem nunca saciar-se.

Penso na solidão de 13 horas entre vida e morte da menina agarrada aos destroços do avião que caiu próximo a Madagascar e penso na solidão do último suspiro das vítimas do AF 447 e concluo com um pensamento de Christopher Mclandles no final do filme Into in the Wild, Na natureza Selvagem: a felicidade só é completa quando compartilhada.

Boa semana a todos.

2 comentários:

  1. Olá amigo Sidnei, que saudades!
    Seu texto sobre Estar Só, me faz pensar muito e procurar agir mais, no sentido de estar presente quando isto é oportuno, pois é possível estar só, também quando se está próximo, não apenas quando se está distante.
    A solidão é boa companhia quando desejada, mas péssima conselheira quando mal querida.
    Obrigado pela amizade e por partilhar conosco a riqueza de suas reflexões.
    Grande abraço,
    Marcelo Gomes Moutinho.

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  2. Oi querido...

    Profunda reflexão...

    E quem em algum momento não é 'atingido' pela solidão.

    Um beijo carinhoso

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