quarta-feira, 11 de novembro de 2009
Como tantas coisas na vida que a luz do sol ilumina, dá vid e também envelhece, dá marcas do tempo, este granizado nosso recebeu mais água que suco nos últimos dias. Assim vamos mais devagar e se as postagens desaparecerem basta manter contato, este é um espaço para amigos.
Grande abraço, até breve com novos textos.
sábado, 10 de outubro de 2009
Começo dizendo que sendo a Revista Veja e o Brasil democráticos ao enviar meu texto à revista receberei o mesmo espaço que a Yoani Sanchez para defender minhas idéias. Não é?
Bem a revista Veja é aquela que aceitou o dossiê falso de Daniel Dantas dizendo que Lula tinha contas na Suiça e a mesma que noticicio as supostas escutas da ABIN ao ministro Gilmar Mendes e gerou uma caça às bruchas na Inteligência nacional.
1- NO Brasil menos de 18% da população tem acesso à Internet em tempo integral, Viva as Lam Houses! Lam houses que o senador Eduardo Azeredo deseja limitar e impedir de proliferarem pelo país. Isso porque o PSDB leva o nome democratico na sigla.
69% dos brasileiros nunca clicou nada na Internet : http://www.novabrasilfm.com.br/noticias/nova-brasil-informa/setenta-e-nove-por-cento-dos-brasileiros-nunca-acessaram-a-internet-diz-ibge/ daí que dizer que o acesso a Net é dificil em um país pobre como Cuba chega a ser piada.
2- Vale a Pena dar uma olhada no livro do Jornalista Altamiro Borges: A ditadura da mídia, ( http://altamiroborges.blogspot.com/2009/07/rovai-resenha-ditadura-da-midia.html ) para ajudar a pensar porque e como os meios de comunicação fazem as pautas das revistas, jornais e TVs. Será que a liberdade de imprensa existe mesmo??? Para quem? Quantas famílias dominam os meios de comunicação no Brasil? ( http://www.fazendomedia.com/editorial.htm ) Que os falecidos ACM da BA e Sérgio Motta guardem seus segredos. É mesmo democrático o acesso aos meios no nosso país?
Alguém já questionou que coisa mais estúpida é o culto às personalidades da TV, Música e esportes? As TVs são conseções públicas e devem ter caráter educativo primeiramente... algum comentário sobre isso no Brasil??? Quando não é corpo nú é pregação religiosa... de programa educativo pouco se vê.
Em Cuba o uso dos meios de comunicação é feito para informar e educar. Lógico há coisas aberrantes como o reaguetown(heheh) mas, nem de longe é a baixaria dos meios no Brasil. Quanto à internet em Cuba, devido às suas limitações ela é voltada para as escolas e locais de trabalho ( http://www.cubaminrex.cu/Sociedad_Informacion/Cifras.htm ) .
Vale lembrar que graças a lei Helms- Burton dos EUA, o msn e o google talk, bloquearam a Cuba para uso destes recursos para evitar conflitos com o departamento de estado dos EUA. Não foi o governo cubano quem impediu o funcionamento dos mesmos.
A blogueira e os demais que estão em Cuba não tem melhor acesso à net devido ao fato de que os EUA impedem que Cuba use o cabo de fibra óptica submarino que passa pelo atlântico e impede o acesso dos cubanos a equipamentos eletrônicos que contenham mais de 10% de itens fabricados nos EUA.
3- Não sei se todos, mas a maioria dos colegas meus que viveram em Cuba 6 anos assim como eu, desejam voltar à ilha e naõ a consideram o Inferno como afirma a blogueira. Detalhe usavámos os ônibus e comíamos a mesma comida que os cubanos.
4- Talvez os estudantes extrangeiros não possam ser bons exemplos sobre querer voltar a Cuba ou gostar de Cuba. Afinal muitos são lá formados para nos países de origem se integrarem à elite estúpida, racista e preconceituosa deste país, que prefere viver em uma guerra civil( de tanta violência) a realizar uma distribuição de renda, educação, terras e cidadania.
Sabe por que estas pessoas podem estudar em Cuba e ir para seus países explorar o próximo? Porque Cuba naõ exige nenhum alinhamento ideológico dos estudantes estrangeiros com o sistema socialista. O único que tentam incutir em nós lá na Ilha é o dever moral para com a vida das pessoas independente de qualquer coisa.
a- Então talvez pudessemos ver a opinião de uma professora minha a quem ajudava a vender a yogurte, a conseguir alunos para aulas particulares e a alugar uma casa que ela tinha fechada e mesmo com tudo isso, com toda dificuldade em comer, trabalhar e até em ter lazer ela nunca desistiu de Cuba e da revolução.
b- Poderíamos ver o exemplo de minha amiga que estudou comigo e que é mãe solteira, pobre e médica graças à Revolução. E que apesar das dificuldades ama seu país.
c- Poderíamos ver ainda minha professora de clínica médica que viveu 03 anos como médica em nome da OMS e viveu na França, Londres e alguns lugares da África e voltou a Cuba. Ela é negra e lésbica.
Pergunto: Quantos médicos negros já lhe atenderam aqui no Brasil???
Tive curiosidade e fui à UFMG em 2006 ver dos 80 alunos que se formavam médicos no 2o semestre quantos eram negros e sabe que número encontrei? 01 rapaz.
Fiquei feliz e fui falar com ele. Sabe o que descobri? Ele era angolano e veio para BH por um intercâmbio.
Faltariam dedos nas mãos para enumerar quantos professores médicos negros deram aulas para mim em Cuba. Ou acaso no Brasil há poucos negros?
5- Todos nós que vivemos em Cuba enfrentamos as dificuldades com Uso da Net, dos transportes, da alimentação e naõ apenas a Blogueira.
Sim, há burocracia. Sim, há funcionários da área de informática das faculdades que acham que são donos dos computadores ali. Mas também há aqueles que lutam para que o uso seja o mais igual possível e aqui menciono ao professor de informática da faculdade 10 de outubro de Havana, Arsénio, quem ajudava o máximo possível aos estudantes para que usassem a internet, já que de nosso grupo a maioria não podia pagar as chamadas telefônicas proibitivas para falar com as famílias.
6- Conheci em Cuba médicos que pedalavam suas bicicletas chinesas sob sol escaldante para ir ao hospital Salvador Allende operar seus pacientes ou atendê-los nas consultas de clínica. Lembro-me em especial de um cirurgião geral e de um dos médicos da terapia intensiva. E nem por passar por estas dificuldades eles exerciam mal sua tarefa, exatamente o contrário.
7- Há erros da Revolução cubana que são de responsabilidade dos cubanos resolver, mas, o maior problema da Ilha é o embargo do EUA. E somente o socialismo pode ser caminho para estas soluções.
8- Muito se fala de repressão aos "dissidentes" em Cuba, mas a anistia internacional não reconhece em Cuba nenhum desaparecido político, execução extra judicial ou torturado. Como estaria a Colômbia onde mais se matam sindicalistas no mundo ou a Argentina e o Brasil e seus mortos no campo e as vítimas de esquadrões das polícias nas cidades, dá para dizer que Cuba é ditadura?
9- O governo dos EUA destinou no ano de 2006 a cifra de 50 milhões de dólares americanos para financiar os grupos contrarevolucionários em Cuba.
10- Muitas vezes é a polícia cubana quem tem de proteger os ditos dissidentes. Um dissidente recebe em Cuba todos os seus direitos básicos: Saúde e educação e vive muitas vezes melhor que os reais trabalhadores do país que cortam cana, que fazem plantões médicos, que vendem pizzas e resfrescos nas ruas, que os que vendem jornais, que dirigem taxis
11- Quantos à falhas dos cubanos elas são aquelas que nos fazem sentir tristeza por ver hábitos capitalistas que chegam a este local único no mundo e tão mais igualitário que o Brasil.
12- A felicidade em Cuba não é passar a noite de sábado comendo esfijas no Habbib's.
sexta-feira, 2 de outubro de 2009
Em seu tempo cada um destes grupos produziu formas de viver acordes com o seu modo de produzir e distribuir bens. Trouxeram alguns avanços para a qualidade de vida no planeta e também sua dose de opressão sobre seus adversários e sobre os povos em geral. Porém, a humanidade chegou a uma esquina da história neste inicio de século XXI na qual sua decisão de que caminho vai seguir irá definir não apenas a relação entre os países e a vida dentro destes, se mais humana e livre ou se mais escrava e tola, mas também a qualidade de vida e sobrevivência humana no planeta Terra.
Século Norte Americano
O século XIX foi a preparação para os EUA tornarem-se a nação hegemônica no seguinte. As duas guerras mundiais, a disputa com a União Soviética, o FMI, O Banco Mundial, a Organização Mundial do Comércio e o ascenso do Neoliberalismo foram alguns signos do século americano. Este foi um século de grandes sonhos e grande opressão que permite concluir que sob o capitalismo uma vida plena é impossível. É incompatível para o capital produzir riquezas e bem estar humano ao mesmo tempo. É necessário neste sistema o egoísmo, a máquina de moer gente e sonhos.
Os dois desastrosos governos de Bush Júnior nos EUA com suas guerras, a gestação da crise econômica mundial, o ressurgimento de governos de centro e esquerda na América Latina com um forte projeto de integração regional que rejeita as imposições Washington e o surgimento da China como potência econômica e credora dos EUA abre espaço para que o este século seja dos BRICs.
O apelido BRICs é usado para designar Brasil, Índia, Rússia e China como um dos novos pólos da economia mundial. O capital na Europa não conseguiu se reorganizar sob a base de um estado de bem estar social e por outro lado não dobra o povo europeu e seu velho status de qualidade de vida. Assim, a Europa simplesmente, sem questionar, segue aos EUA para não perder suas atuais vantagens. Exemplo disso é o apóio da Inglaterra na desastrada guerra baseada em mentiras sobre armas de destruição massiva no Iraque e sobre o esconderijo de Osama Bin Laden no Afeganistão sob a proteção dos Talibãs. Por outro lado o Japão que assustou os EUA com grande dinamismo econômico no inicio da década de 1990 está estagnado sob o peso da crise e uma de suas conseqüências é o regresso ao Brasil de descendentes japoneses que vivam por lá empregados na indústria e serviços.
Ser potência para que?
Neste contexto ganha peso a possibilidade destes quatro países do BRICs reverterem suas histórias em prol de melhorias na qualidade de vida da sua população: alimentar a todos, dar educação gratuita e de qualidade aos seus cidadãos. Produzir e distribuir melhor a riqueza, ou seja, a qualidade de vida.
É importante lembrar que as políticas sociais ao invés de empobrecerem o Estado tornam a sociedade mais complexa e capaz de avançar em termos de produção de tecnologias e de mercado interno de consumo gerando ciclos virtuosos que diminuem a dependência ao mercado externo. Em médio prazo as políticas compensatórias: Bolsa Família, Prouni, programa de Cotas, o Programa da Saúde da Família e outras que precisam ser efetivadas como a reforma agrária, a reforma urbana e o combate à violência darão ao Brasil mais dinamismo na economia mundial. Reforçando seu papel de potência mundial.
Existe a possibilidade do Brasil e seus colegas do BRICS tomarem as rédeas nas relações internacionais para preservar o meio ambiente, promover o desenvolvimento sustentável, erradicar a miséria nos seus territórios e solidariamente apoiar a África e a América Latina e diminuir os conflitos armados mundiais muitos dos quais interessam à atual política econômica e militar dos EUA. Neste último sentido é importante lembrar que neste mês de agosto de 2009 o presidente do Brasil questionou ao presidente Obama o porquê das bases militares na Colômbia. Sob suas armas o governo dos EUA tenta garantir recursos energéticos para manter sua economia.
2010
O presidente Lula, assim como o governo chinês e o indiano defende a idéia de que o Estado deve ser vetor de desenvolvimento, das relações entre os países Sul-Sul como meio de equilibrar as economias destes países e combater à miséria. Esta política permite o apóio entre países pobres para melhorar suas possibilidades de desenvolvimento social e econômico.
Nos últimos vinte anos a China tirou 200 milhões de pessoas da pobreza e as colocou na famosa classe média. No Brasil as políticas sociais do governo federal tiveram efeito parecido ainda que em escala menor. É preciso lembrar que a violência medida através dos assassinatos no Brasil tem diminuído e que o controle social vem avançando a duras penas, mas vamos adiante.
A despeito do péssimo Congresso Nacional que confunde seus privilégios individuais com as necessidades da maioria da população e da postura golpista dos grandes jornais, revistas e emissoras de televisão Lula têm feito o melhor governo do Brasil desde a época de Vargas e com vantagens sobre ele, em um regime de democracia plena.
As eleições do ano que vem colocam em cheque esta porta aberta por Lula em seus sete anos de governo: o Brasil pode consolidar seu papel de liderança na América Latina e no mundo crescendo dentro do BRICs ou volta a submeter-se à política dos EUA, que é a defendida por FHC e Serra. A submissão cega a Washington significa entre outras coisas: dívida externa, corte de gastos sociais, privatização dos bens públicos(entenda-se Petrobrás e os recursos do Pré- sal), aumento da corrupção e da violência.
Uma eventual vitória de Dilma Rousself no ano que vem pode manter o Brasil como líder da América Latina. Os políticos de direita dizem que o Brasil deve afastar-se da Venezuela, Bolívia, Equador e Cuba e voltar a priorizar as relações com Washington. Nada mais equivocado. Cada um destes países tem condições de contribuir com o pleno desenvolvimento do Brasil e o Brasil com o deles.
Nesta quinzena vimos fatos que mostram para o mundo quem é este novo Brasil no cenário internacional: Lula interveio na ONU e garantiu que Zelaya permaneça na embaixada do Brasil e lança tentos para a volta da normalidade democrática em Honduras e no dia 02 deste mês recebemos a ótima notícia de graças ao empenho do governo federal, de Lula e do ministro dos esportes e de um grande grupo de brasileiros esportistas e políticos do estado do Rio de Janeiro, a antiga capital da república será a primeira cidade da América do Sul a sediar uma olimpíada em 2016. Ganhar medalhas nesta olimpíada é um novo desafio para o Brasil. Isso é tema para um novo encontro. Boa semana.
quarta-feira, 23 de setembro de 2009
* Daniella Maria de Oliveira Varela
Muitos têm na ponta da língua a pergunta: “Se é para passar por isso, por que foram?” Julgando pelo conhecimento de causa, já que ocorreu na minha família, com minha irmã caçula no auge do seu idealismo juvenil, afirmo que a escolha foi motivada pelo sonho de uma proposta de medicina preventiva que poderia colaborar bastante, quem sabe até mudar, a realidade da população mais carente do Brasil em relação à saúde.
Pois bem, diante dessa batalha, depois de passar em sexto lugar em um concurso de residência médica em Brasília no Hospital de Base, ser aprovada e classificada em concurso da Secretaria de Estado de Saúde do DF e não poder assumir em ambos, por não ter seu diploma revalidado é mostrar sua competência concorrendo com outros colegas formados no Brasil .
Eis que depois de um ano de preparação de dedicação exclusiva para a prova de revalidação na Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) aconteceu um imprevisto: após tomar as medidas de segurança necessárias, como desligar e guardar em envelope lacrado o celular, o mesmo aciona o seu despertador e ela é eliminada do concurso, que ocorre apenas uma vez por ano. Um fiscal burocrata e inflexível da Coordenação de Concursos e Exames Vestibulares da UFMT (ORGANIZADORA DA PROVA) que não se compadeceu diante dos apelos chorosos e desesperados de uma médica e nem mesmo do diretor da própria instituição (que por sinal é médico) usando uma expressão no mínimo infeliz e absolutamente verídica: “Hoje quem manda aqui sou eu, está no edital não pode haver ruídos, você está eliminada”.
Quando o tecnicismo sobrepõe o humanismo só resta chorar: pelo Brasil, pela amargura que corrói a solidariedade como ferrugem, pela pobreza humana, pelo poder dado a pessoas medíocres, tiranas e ignorantes.
Hoje foi um dia triste na vida de uma médica, condenada por ter se formado no exterior, em um país que oferece formação visando a prevenção e não o trato de doenças já instaladas, uma médica da família,humanista, generosa, competente e patriota.
Hoje foi um dia que um fiscal de provas de mais ou menos uns quarenta anos demonstrou que não é panela velha que faz comida boa, e que pouco poder nas mãos erradas pode fazer grandes estragos na vida de batalhadores, brasileiros pró-ativos que poderiam fazer grande diferença na precariedade da saúde do Brasil.
Fico triste com pessoas inflexíveis, intolerantes que acham que a norma é dura e só tem efeitos punitivos e deve ser seguida ao pé da letra. Há o bom senso dentro de qualquer norma, mas só pessoas instruídas emocionalmente e intelectualmente sabem conciliar isso, como por exemplo o diretor e médico Aristides Nasser, humanista de formação, especialista em ajudar pessoas independente do que está no edital, comprometido com o ser humano e não com formulários, números e ruídos sonoros. Para ele o que conta é o sangue que corre nas veias, os batimentos cardíacos e não o eletrocardiograma. Caro fiscal Rodolfo Nery, acredito que você deveria trabalhar como voluntário nesta instituição para tentar entender melhor o que é a vida já que o regimento interno você já sabe de cor e o usa com toda a sua desumanidade
Meu nome é Daniella, sou pedagoga, especialista em deficiências da áudio comunicação. Trabalho diretamente com pessoas surdas e conheço de perto a realidade de não escutar por deficiência e não por ignorância ou prepotência pura.
*Daniella Maria de Oliveira Varela é pedagoga e irmã da médica Gabriela.
sexta-feira, 11 de setembro de 2009
Do artigo do The New York Times se deduz que no Senado norte-americano nem todos estão ainda convencidos de que se trata de um problema real, ignorado totalmente até agora pelos governos dos Estados Unidos desde que se aprovou a 10 anos em Kyoto no Japão.
quarta-feira, 2 de setembro de 2009
Izabel
“Isabel
pense em mim.
“Nossos dias de sol
Paralamas do Sucesso.
Iraílio passava o dia de cara amarrada, a boca murcha sem dentes. À noite tirava a roupa e ficava na cama deitado em posição fetal gritando por Izabel ou Isabel balançando a cabeça. Não sabíamos quem era. Pela manhã as queixas das enfermeiras por causa das fezes pelo chão, paredes e a urina no colchão. Não tocava a comida, jogava tudo ao chão, parecia criança desconsolada e enfurecida.
Já não caminhava. Nem conhecia a ninguém. Não tinha filhos ou parentes e apenas a uma enfermeira permitia que lhe desse banho e sopa. Nem mesmo com ela falava apenas ficava pacífico enquanto ela indiferente aos queixumes dele lhe enchia as colheres com a sopinha de arroz. O resto do tempo passava sentado na varanda da enfermaria.
Parecia distante. Olhando para o pavilhão em reforma. Estaria acompanhando o canto dos Bem te vi? Quando alguém se aproximava expulsava os desavisados exceto as enfermeiras dedicadas que nem ligavam para suas brigas.
Certa vez curioso pela história do homem que todos diziam intratável, fui vê-lo. Fiquei alguns minutos por ali perto dele, esperando alguma reação, não disse nada. Depois de longo tempo olhando para longe em outra conexão virou-se para mim e olhou-me nos olhos sem saber quem eu era. Era um olhar vazio de razão e nem mesmo se quisesse poderia dizer-me quem era, o que vivera, quais eram seus amores, seus sonhos e seus medos. Ainda assim eram olhos cheios de vida e sentimentos. Vi neles o desejo de viver de fazer coisas que a vida não lhe permitiria a viver novamente ou vivê-las pela primeira vez. Não voltei a vê-lo.
Mudei de enfermaria e soube semanas depois que havia falecido por pneumonia. Só na enfermaria recebendo e aceitando todo amor, o cuidado do banho, ser levado para tomar sol e tomar sopa pelas mãos de uma mulher desconhecida, uma enfermeira. Quantas vezes nossa sorte e nossas vidas mesmo estão nas mãos de totais estranhos para nós? Quantas pessoas tem a vida salva por um ato de solidariedade de alguém que resolve ajudar depois de um acidente. Outros desistem de matar-se ao encontrarem outra pessoa que esteja aberta a uma conversa. Tanto chegam desacordados aos serviços de saúde e a sorte destes depende de maqueiros, enfermeiros, médicos, técnicos de laboratório e tantos outros. Para os que cuidam da vida com amor sempre é dia de luta e nunca de desistir de viver e de cuidar.
Suas opiniões são bem vindas. lamarcacuba@gmail.com
segunda-feira, 10 de agosto de 2009
Cena 01: Um mestiço dos bons trepado sobre uma estátua do século XIX no centro do Rio de Janeiro dizendo do Cruzeiro do sul. “Símbolo desta pátria da qual somos parte...etc....” Para Macunaíma é Piauí do Pondolé....
Cena 02: José Gomes Temporão dizendo que não há por que temer a gripe H1N1 “que vem da Argentina” e de outras partes do mundo.
Cena 03: o segundo gol dos Estudiantes (Argentina) contra o Cruzeiro de BH. Fim de jogo e início de mate?
Cena 04: É isso? E isso? E o que é isso?
Cena 05: Noite sobre Honduras e o presidente Zelaya olha pela janela quanto de sua vida pode ser fruição e quanto pode ser condenação por sua opção: democracia? Amanhã não haverá nenhuma pergunta: o que foi de Honduras?
Cena 06: A criança ronca firme e forte,
terça-feira, 21 de julho de 2009
Morta eu estou.Morta de amor, eu estou; morta e enterradaCom cruz por cima e tudo!
Namorada!Vai bem depressa. Deus te leve. AquiFicam os meus restos a esperar por ti.
sábado, 18 de julho de 2009
Viva Sandino!
Viva Zumbi!”
O escritor Eduardo Galeano conta que certa vez em visita aos EUA na cidade de Chicago e que inutilmente procurou por lá por uma praça, estátua ou placa que fizesse referência aos trabalhadores assassinados em 1º de maio de 1886.
O Governo americano não permitiu a conservação da memória coletiva daquele fato histórico relevante ao mundo e à luta dos trabalhadores por qualidade de vida convertido no dia mundial do trabalhador e da trabalhadora em 1889.
Os vitoriosos do mundo têm o hábito de reescrever a história várias vezes contando-a sempre a partir de sua visão das coisas. Os países que fazem uma política diferente do “American way of life”, o estilo de vida americano, centrado no consumismo e no imperialismo capitalista são fácil e docemente chamados de ditaduras, de membros do “eixo do mal”. Quem nos seu dia a dia não se pergunta se o presidente venezuelano Hugo Chávez Frias não é mesmo um ditador? Os meios de comunicação hegemônicos colocam sempre as posturas de Chávez como as de um beligerante, expansionista e ditador. Caso conhecido foi a não renovação da concessão pública a um canal de TV em maio de 2007 por critérios técnicos e que na imprensa internacional e do Brasil foi classificado ato ditatorial.
A mesma imprensa não tratou de igual modo ao grupo que tentou o golpe de estado na Venezuela em 2003 quando o presidente Chávez foi seqüestrado e levado para um local desconhecido e anunciou-se que ele havia fugido do país.
De imediato o governo americano reconheceu o novo governo na Venezuela até que por pressão da população de Caracas na sua maioria favelados e excluídos de desfrutar dos ganhos da exploração dos recursos naturais do país anteriores ao governo Chávez unidos aos militares fiéis ao presidente e à constituição do país destituíram o falso governo provisório e exigiram o retorno do presidente ao país.
Em outro momento falaremos mais sobre o governo venezuelano. Hoje gostaria neste nosso espaço de falar um pouco sobre a Revolução Sandinista da Nicarágua.
Na segunda e terceira décadas do século XX, o líder político nicaragüense Augusto Cesar Sandino comandou um pequeno grupo de homens que em guerra de guerrilhas expulsou os militares estadunidenses da Nicarágua.
Sandino foi assassinado por ordem de Anastázio Somoza em 1936 quem passou a exercer um poder familiar no país. A dinastia dos Somoza duraria 43 anos e foi mantida pelo governo americano que a rotulava a despeito da corrupção e da violência contra a população como sendo uma democracia e um dos defensores do “mundo livre”, ou seja, o que favorecia os interesses do governo de Washington.
Exatamente há 30 anos, em 19 de julho de 1979 o movimento revolucionário Frente Sandinista de Libertação Nacional vencia a Anastásio Somoza Debayle, “El Tachito”.
Imediato à vitória dos Sandinistas entra em ação o governo dos EUA através de guerra econômica, financiamento dos Contras e a pressão diplomática que impediram ao governo revolucionário nicaragüense combater a fome e a pobreza tendo de voltar sua ação à resistência contra estes adversários.
Os chamados “Contra” nicaragüenses eram grupos financiados pela CIA (Agência de Inteligência dos Estados Unidos) para tentar derrubar ao governo socialista Sandinista. O presidente Ronald Reagan destinou em 1986 o valor de 70 milhões de dólares para custear os mercenários que combatiam o governo nicaragüense com ações de terrorismo, sabotagens, assassinatos de professores e médicos que trabalhavam no interior da Nicarágua tentando melhorar os péssimos índices sociais do país.
Outros 30 milhões de dólares foram destinados por Washington para custear as ações não letais contra o governo revolucionário sandinista.
Os Sandinistas promoveram a reforma agrária, aumentaram a alfabetização e os índices de saúde da população durante seu governo que durou até 1990. Porém, os grupos mercenários e a chamada Guerra Suja dos EUA trazia grande violência, bloqueio econômico, assassinato de líderes comunitários.
As más condições econômicas e a promessa de paz em caso de uma derrota Sandinista e que supostamente se manteria as melhorias da qualidade de vida do povo ajudaram a eleger a Violeta Chamorro, oposição aos Sandinistas, como presidenta. Seu governo iniciou o neoliberalismo na Nicarágua e os poucos ganhos sociais alcançados no período Sandinista foram por água abaixo.
Recentemente em 2007, Daniel Ortega foi eleito novamente presidente da Nicarágua pela Frente Sandinista de Libertação Nacional que hoje é um partido. Ortega recebeu a Nicarágua na condição de o terceiro país mais pobre do continente. O mesmo país que Ronald Reagan e a CIA diziam que colocava os EUA em perigo por ser um agente do comunismo internacional em 1981, que contava com exatamente apenas três elevadores em edifícios de todo o país.
Galeano diz em um dos seus textos que viu um cartaz numa loja de discos na mesma Chicago que dizia assim: Enquanto os leões não escreverem seus próprios livros de história, das caçadas na África conheceremos apenas história dos caçadores.
Em mais este 19 de julho gritamos:
terça-feira, 14 de julho de 2009
Quando cheguei ao hospital eram 4:20 da manhã. Havia sido atacado por uma horrível dor de cabeça que me levantou da cama. Nem um comprimido em casa. Para ir a uma farmácia comprar remédios seria possível apenas com uma receita e nessa hora achei melhor ir até a urgência do hospital onde sonolentos conversavam maqueiros com um dos médicos e uma enfermeira. Meu humor não estava lá para estas coisas quando fui falar com o médico. Antes da resposta a enfermeira adiantou que na urgência não há comprimidos pelo tempo que demoram para atuar e que sim havia remédios injetáveis caso eu quisesse. Preferi não.
Fui com minha dor de cabeça atravessando os jardins que separam os blocos de enfermarias no hospital Salvador Allende que é horizontal. Cheguei à enfermaria onde durante o dia acompanhava os pacientes de meu professor. Lá havia comprimidos, não queria nenhum furo nos meus braços.
Ao chegar acordei a enfermeira que dormia sentada com a cabeça apoiada nos braços no semi-escuro do posto de enfermagem. Fazia um contraste belo na madrugada: o corpo negro com belas tranças na cabeça dentro da roupa branca dentro da escuridão da noite. Deu o comprimido e perguntou se eu viria às oito da manhã ou se eu queria que ela avisasse que não. Disse que estaria ali no horário normal. Era um aluno do terceiro ano de medicina não podia dar-me ao luxo de perder quatro horas de prática clínica, sobretudo por gostar de encontrar pela manhã os colegas em especial Jorge- de São Paulo, Amarys- Cubana, Edgar- Argentino, Liórgenes- cubano e Anabel também cubana que davam enorme vida à enfermaria e a seus doentes tratando-os com carinho, humor e amizade.
Observei que um dos quartos tinha sua luz acesa. Fui ver o que havia por lá. Encontrei a paciente Maria M. dormindo sentada em uma das cadeiras com a máscara de oxigênio no rosto e roncando profusamente e sua filha deitada nada cama no seu lugar. O filho mais velho da paciente dormia sentado em outra cadeira ao lado da mãe que tinha câncer. Sabíamos e seus filhos também, ela não.
Estava perto dos oitenta anos de idade e fumara pouco, deixando o cigarro perto dos trinta anos de idade quando casou-se com o pai de seus sete filhos.
Dormiam os três às claras. O cansaço lhes havia feito cair no sono sem apagar a luz. Esse tipo de união nas famílias cubanas sempre despertou-me curiosidade. Maltratam-se, mas também cuidam uns dos outros com um zelo de dar medo.
Fui pé por pé e apaguei a luz neste momento o filho despertou e levantou-se. A irmã também acordou ao ouvir o ranger da cadeira quando ele levantou. Fui até ela e disse: “olha que te confundem com a paciente e te aplicam uma injeção na bunda”. Ela riu e disse em voz baixa que antes dos remédios colocaria a mãe na cama. “ela não consegue dormir deitada”. Eu já sabia disso. Maria com sua insuficiência cardíaca e seu câncer de pulmão não podia pegar no sono deitada. Apenas sentada experimentava tranqüilidade e umas 03 horas de sono.
A paciente se entusiasmava com a entrada na no quarto do meu professor o Dr. Vladimir Curbelo e nos dizia: “Ahí viene mí doctor” e diante dele afirmava que aprendêssemos do mestre. Dizia apenas para adulá-lo e o devorava com os olhos.
Pouco tempo depois ela morreu e vi sua filha certa vez na rua. Reconheceu-me e contou-me da família, que ela própria já era avó e que preparava com recursos parcos a festa de três anos do neto, se aceitasse ir seria seu convidado.
domingo, 5 de julho de 2009
A solidão não é o mesmo que estar só.
Uma nova cidade, mãe, sobrinho, irmãos, amigos e namorada longe, a história se repete, dura como sempre e com menos drama. Sentir estes momentos de solidão nos ensina o quanto é sagrado os momentos passados com os que amamos por curtos que sejam. Nossa vida começa junto de outra pessoa, nossa mãe que nos recebe e termina só, porém nos braços de outra mãe que também nos ama e nos recebe com carinho a terra. A grande diferença será no entreato dos nossos dias por aqui.
Organizar a comida e ter paciência para cozinhar para si apenas. Comprar frutas, não exagerar na bebida, escrever e-mails, pagar contas e calcular quando se encontrará um velho sorriso conhecido. Lembrar da limpeza, do cuidado com o espaço em que se vive e da boa higiene da mente. Trabalhar, estudar e fazer exercícios. O mesmo que tiveram de fazer todos os que deixaram suas famílias para irem buscar a formação médica em Cuba ou exercer a medicina sem discriminação na Especialização em Medicina de Família em Fortaleza.
Atiro-me a pensar na solidão de grandes seres, que foram grandes por perceberem seu sentimento e dor igual ao sentido por todos. Mandela, Mordechai Vanunu, Buda, Olga Prestes, Jesus e Che Guevara, os dois últimos feridos esperando a morte final.
Penso em outras solidões: de Michael Jackson, de Christopher Mclandles, dos cinco heróis cubanos presos em cadeias nos EUA condenados injustamente à prisão perpétua, todos nossos Moradores de Rua e dos Sem Teto, Tem Terra, sem Sanidade Mental, dos abandonados pela sociedade às drogas e criminalizados por fumar craque, cheirar cocaína ou fumar maconha, dos que perderam sentido da vida e consomem pessoas como se fosse chocolate sem nunca saciar-se.
Penso na solidão de 13 horas entre vida e morte da menina agarrada aos destroços do avião que caiu próximo a Madagascar e penso na solidão do último suspiro das vítimas do AF 447 e concluo com um pensamento de Christopher Mclandles no final do filme Into in the Wild, Na natureza Selvagem: a felicidade só é completa quando compartilhada.
Boa semana a todos.
Inegável. Os anos 1990 foram de Marisa Monte com seus três álbuns (verde, anil, amarelo, cor de rosa e carvão, Mais e Barulhinho Bom) na primeira metade dos 2000 os Racionais Mcs’, com o excelente Sobrevivendo no Inferno e o restante dos anos dois mil foram os de Arnaldo Antunes e Nando Reis com suas letras no Acústico de Titãns, Tribalistas, Castelo Ratim Bum CDs de Marisa Monte e no caso de Nando no acústico de Cássia Eller.
E Carlinhos Brown?
Foi levado a reboque nos Tribalistas por ser dono de boa percussão musicalidade e mais nada.
Nem Marisa nem Antunes aparecem na mídia nos últimos tempos e menos ainda o Mano Brown do qual sei que existe uma única entrevista ao Roda Viva na qual o gênio das periferias de São Paulo mostra sua visão em menos de uma hora de programa. E Carlinhos Brown?
Ser genro de Chico Buarque não lhe basta e por isso sempre recorre ao patrocínio da cerveja Bhrama e da Globo seja em qual programa for incluindo o BBB 9. Dança, Canta e ri. É o escravo da Casa Grande. “Danda pra ganhar didin” como o pequeno Macunaíma. Acompanhado pela Rita Lee. Quem é ela?
Irrelevante na música nacional segue sua global missão de fazer crer que o Brasil foi feito pela união de três raças e não pela violência e poder de uma que chama aos mais dóceis escravos para aparecer na tela da casa grande a servir e rir para o Chefe de plantão.
Enquanto James e Mano passarão à história como musicalidade e inovação, com orgulho Brown ou Black, Carlinhos será lembrado até que apareça outro que dance melhor a dança dos donos da TV. Desperdiça sua negritude, beleza física e talento musical por falta de esclarecimento.
segunda-feira, 29 de junho de 2009
Abraços e boa semana.
domingo, 28 de junho de 2009
segunda-feira, 22 de junho de 2009
Carol Proner: O debate atual sobre propriedade intelectual também é o debate sobre a propriedade tradicional de bens e seus limites: o dever constitucional da função social da propriedade e o respeito aos direitos coletivos. No campo das patentes de invenção, a utilização do conhecimento tradicional de comunidades é alvo de apropriação e especulação sem contrapartida social. A comercialização dos direitos de patentes afeta áreas essencialmente públicas como a saúde humana, tendo nos medicamentos o exemplo mais importante. No caso do direito de autor, a política do commons pode trazer um novo enfoque para aproximar os frutos da obra de seus legítimos criadores e estender os benefícios à sociedade.
CP: A expressão em si é o oposto, é ampla e abarca os direitos de autor, direitos conexos, marcas, indicações geográficas, desenhos industriais, topografias de circuitos integrados, proteção de informação confidencial, o direito da concorrência e patentes. Também por esta razão torna-se tão complexa a análise das temáticas dentro da grande disciplina “propriedade intelectual” e existem abordagens muito diferentes entre o direito de patentes e o direito do autor. Enquanto este direito está normalmente ligado ao autor e inventor individual ou coletivo, aquele na maioria das vezes envolve grandes empresas transnacionais com resultados econômicos extraordinários. As conseqüências são distintas em cada grande ramo e a abordagem crítica também. Podemos estar falando dos grandes monopólios farmacêuticos ou bioquímicos ou do direito individual e personalíssimo do autor da obra literária e estaremos tratando de propriedade intelectual.
CP: A biodiversidade é um dos temas fundamentais a serem reivindicados atualmente. O direito das comunidades locais, tradicionais e indígenas, detentoras da biodiversidade agrícola e silvestre, e que por condição de pobreza e miséria não são capazes de defender seus direitos. Essas comunidades são detentoras de um patrimônio genético, um conhecimento tradicional extremamente rico e que poderia reverter em benefício para ao menos melhorar as condições de vida dessas populações. O enfoque democrático seria encontrar os meios de estender ou repartir às populações os benefícios da biodiversidade. Uma forma democrática de defender juridicamente este direito é que a concessão de patentes derivadas do acesso a recursos genéticos e conhecimentos tradicionais exija a declaração de origem e o certificado de procedência legal desses recursos, posição defendida pelo governo brasileiro nas negociações internacionais sobre o tema. A declaração de origem e o certificado de procedência legal informam em que bioma, local e comunidade foi feito o acesso aos recursos genéticos, além de identificar em que condições ele foi realizado e quais informações foram utilizadas para tanto. Os dois documentos podem facilitar a tarefa das populações tradicionais que queiram exigir a repartição dos benefícios de pesquisas ou produtos realizados a partir de seus conhecimentos e recursos.
CP: No Brasil a Lei 9.787/99, de 10 de fevereiro de 1999, define como sendo Genérico o medicamento similar a um produto de referência ou inovador, que se pretende ser com este intercambiável, geralmente produzido após a expiração ou renúncia da proteção patentária, comprovada a sua eficácia, segurança e qualidade. Os médicos deverão receitar os medicamentos pelo nome do seu princípio ativo e não mais pelo nome comercial do remédio Trata-se de uma intervenção do Estado com resultados concretos no acesso aos medicamentos, estimulando a concorrência entre fabricantes e reduzindo preços. Nos EUA a prática é utilizada desde 1984 e acarretou redução de até 40% no preço em relação a medicamentos de marca. Uma das formas de adquirir medicamentos mais baratos é permitir a produção local de um remédio patenteado para atender a necessidade interna. A outra forma é a importação do genérico apesar de o composto ter direitos de exclusividade. O tema da importação de medicamentos genéricos pelos países da OMC é objeto de disputa entre países que possuem um forte setor farmacêutico e outros que precisam importar. Os Estados Unidos, a Suíça, a Alemanha, a Grã-Bretanha e outros países ricos insistem em restringir a importação de genéricos a medicamentos para tratamento de doenças infecciosas, como Aids, malária e tuberculose. Os países em desenvolvimento não querem qualquer restrição à importação de genéricos.
CP: É preciso reconhecer que o Brasil tem conseguido discutir os temas prioritários da propriedade intelectual graças ao posicionamento governamental adotado interna e internacionalmente. A quebra de patentes de medicamento Efavirenz, produzido pelo laboratório norte-americano Merck abriu um precedente internacional que balizou a conduta de outros países. O posicionamento do país com relação à biodiversidade também é inédito comparativamente e creio que o Ministério da Cultura também apresenta novidades quando defende o direito autoral como elemento essencial de uma política cultural: um direito autoral que privilegie o acesso à cultura, à informação e ao conhecimento. A teoria do commons tem muito a dizer nesta seara. O governo tem salientado que se propõe a promover o equilíbrio entre os direitos conferidos pelas leis de direitos autorais e seus titulares e os direitos dos membros da sociedade de terem acesso ao conhecimento e à cultura, de forma que estes direitos efetivamente estimulem a criatividade. Vejo com outro grande desafio porque o tema polemiza com setores artísticos e literários que vêem a política como uma ameaça a seus direitos.
CP: O Brasil precisa de massa crítica em todas as temáticas, mas penso que os dois temas mais importantes na atualidade são a biodiversidade e o direito de autor revisitado.
terça-feira, 16 de junho de 2009
Iracema uma transa amazônica
Entre as boas coisas de Itabira estão: o frango com quiabo da Rita, o artesanato da Nega, o boteco Estufadinho, para jogar sinuca e também por lá há a portentosa locadora Itabira Filmes. Foi por lá onde encontrei o filme cujo título é este aí de cima.
Realizada em 1974 no estado do Pará, a obra conta a história da cabocla Iracema, 15 anos, prostituída e (Sebastião) Tião Brasil Grande, caminhoneiro gaúcho com quem ela sai de Belém visitando diferentes lugares do estado até separarem um do outro seguindo ela viagem sozinha. Sem falsos sentimentalismos, sem manipular ou espetacularizar a pobreza ou mesmo julgar as vidas e condutas das pessoas nos leva com eles com suas idéias, seus dias e noites.
Os atores são: Paulo César Pereio e Edna de Cássia, que não era atriz profissional tendo sido encontrada pelo diretor em programa de auditório na capital paraense.
Iracema é uma mistura de mestre entre ficção e documentário. Com parcos recursos materiais o diretor Jorge Bodanzky mostra nessa obra seu grande personagem o caboclo da Amazônia brasileira. A distância entre o Brasil do Milagre, da copa de 1970, das modernas capitais: Rio e São Paulo e o Brasil dos brasileiros. Enquanto a economia cresce, Somos a oitava potencia econômica, Iracema vai descalça servir café feito em fogão à lenha para os trabalhadores que fazem uma ponte na estrada transamazônica. Índios de óculos escuros, o fogo na mata a poeira da estrada, os pobres comércios e lugarejos, os shorts com o nome de refrigerante.
Retrata a grilagem de terras dos posseiros, o trabalho escravo, o tráfico de seres humanos, a exploração das madeireiras sobre a floresta amazônica. Um Brasil de leis para pobres e mestiços.
Após ver Iracema: uma Transa amazônica, Fernando Meirelles, diretor dos filmes cidade de Deus e A Cegueira declarou que decidiu fazer cinema. “Isso é o que eu quero fazer da minha vida” conta ele em entrevista onde se disse impressionado com Edna de Cássia e pergunta: “Onde ela anda?” Tornou-se professora, tem dois filhos e um neto.
A cabeça baixa, a pele morena, o corpo troncudo e musculoso, os poucos dentes, os pés no chão, as roupas simples, suas vidas e sonhos, carregando grandes pesos, sustentando o Brasil Grande nação. Estes personagens anônimos da história oficial são centrais no filme.
Vale a pena procurar.
quarta-feira, 10 de junho de 2009
http://petrobrasfatosedados.wordpress.com/
CPI da Petrobras
O endereço abaixo da charge é do blog da Petrobrás onde vc pode entrar e acessar as respostas da empresa às denúncias feitas contra ela, ver informações sobre a CPI que está em curso e escrever vc mesmo ou mesma à Petrobrás pedindo informações.
A Petrobrás é a maior empresa brasileira e é estatal.
No governo de FHC tentou-se mudar o nome da empresa para Petrobrax, para tirar o tom "execessivamente nacional e dar uma cara mais internacionalizada à empresa", o que era de fato uma preparação para privatizá-la assim como ocorreu com a CNS e a CVRD.
Porém, no caso da Petrobras o governo neoliberal não conseguiu dar este "presente" ao empresariado mundial e ela segue sendo a mais importante empresa do Brasil e que unto dos bancos públicos, do PAC e de outros projetos sociais ajudou ao Brasil a amortecer a crise mundial atual, a diminuir a velocidade da taxa de desemprego e aumentar o apóio aos desempregados.
Vemos na prática, no caso da crise econômica mundial a veracidade da afirmativa do historiador britânico Eric Hobsbawn no início deste ano ao sitio da Carta Maior ao responder que o interesse público não é privatizar, mas sim tratar através do estado das necessidades das pessoas e comunidades.
O estado brasileiro, através de seus investimentos em infraestrutura, suas estatais e seus bancos públicos, assim como os governos do mundo afora foram os salvadores do capitalismo. O Governo dos EUA estão cuidando da GM, todos os países europeus, a China e o EUA deramaram grandes fortunas públicas na caldeira fervente para esfriar o capital especulativo. Salve, salve John Maynard Keynes.
Se é assim, então por que atacar, demoralizar e privatizar a Petrobrás?
Por onde andarão Hayek, Thatcher e Nixon?
Leiam: http://petrobrasfatosedados.wordpress.com/
terça-feira, 9 de junho de 2009
A Revolução Multicolor
Quase 50 anos depois do triunfo da Revolução Cubana, as minorias sexuais começam a sentir pela primeira vez que sua voz é ouvida e que podem encontrar um espaço para começar a avançar até uma sociedade mais justa e inclusiva."Sempre quis ser parte de tudo isso. Não recordo quantas vezes disse a minha mãe: 'eu vou fazer a revolução'", disse Mónica, uma jovem cubana que em dezembro se uniu simbolicamente com sua parceira, Elizabeth, no pátio do governamental Centro Nacional de Educação Sexual (Cenesex).
Danilo Rivero, que viajou 100 Km para assistir à celebração em Havana do Dia Internacional de Luta contra a Homofobia, assegurou que nunca pensou que chegaria o momento em que em seu país "daria ao homossexual o lugar do ser humano". "Sou muito cubano, cubaníssimo, não deixo minha terra por nada no mundo. Mas aos meus 53 anos posso dizer que tenho sofrido intensamente. Não quero fazer denúncias porque já é passado", comentou Rivero, que há 35 anos deixou a área de educação para empregar-se em uma empresa produtiva aonde ainda trabalha. Mónica, Elizabeth e Danilo foram apenas três das centenas de pessoas que compareceram à atividade central da jornada nacional cubana contra a homofobia que busca impulsionar um conjunto de iniciativas que se estenderão por todo o ano.
O verdadeiro boom informativo nos últimos dias é um feito sem precedentes neste país, com 11,2 milhões de habitantes e essencialmente machista, onde até há pouco tempo ser homosexual era um argumento suficiente para não seguir determinadas carreiras universitárias, postos de trabalho e cargos de direção. Ainda que para algumas pessoas jovens "o passado não volta", não poucos gays e lésbicas vivem com a recordação e as feridas dos tempos em que centenas de homosexuais foram levados às chamadas Unidades Militares de Apoio à Produção (UMAP), nos anos 60, ou excluídos dos setores da educação e da cultura, nos 70.
"Estamos dando um grande passo, mas ainda necessitamos tempo, educação e cultura. E não somente falo do heterossexual mas também do homossexual que, por tantos anos de discriminação, temos buscado uma maneira de protestar e nos rebelar contra essa violência da qual temos sido vítimas", opinou Ernesto Rojas, um coreógrafo de 40 anos.
Programas e anúncios emitidos por televisão, o cineclube mensal "Diferente", encontros especializados, peças teatrais e seriais de rádio, complementarão nas próximas semanas e meses o encontro de sábado, considerado por muitas pessoas como "um momento histórico" e sem precedentes, por sua abertura ao grande público.
Esse ato de Havana foi na celebração do Dia Internacional contra a Homofobia foi instituído em memória ao 17 de maio de 1990, quando a Organização Mundial da Saúde tirou de sua lista de doenças mentais a homossexualidade e a transexualidade. A bandeira gay tremulou pela primeira vez, livremente, na entrada de uma instituição estatal cubana. Travestis, transexuais, gays, lésbicas e bissexuais participaram como expositores nas mesas de debate, junto a autoridades e especialistas. Um transexual contou sua história e reclamou seu direito de morrer como homem.
"Estou surpresa. Eu estou com essa sensação desde o primeiro dia, quando não sabia o que ia acontecer. E tem me dado muito gosto a participação das pessoas, muito respeitosa, cuidadosa e sincera.", comentou Mariela Castro, diretora do Cenesex, instituição que desde 2004 desenvolve um amplo programa a favor da diversidade sexual em Cuba. Manuel Hernández, um especialista vinculado à prevenção da AIDS desde 1985, opinou que a celebração demostrou como "às vezes, os temores que eles têm quanto as reações da população e o público ante determinados temas, são infundados". "Vivemos uma confrontação de opiniões muito positiva", acrescentou.
As intervenções foram desde o questionamiento à educação sexista até o abuso policial que sofrem algumas pessoas somente por sua orientação sexual, aa ausência de espaços de encontro gay reconhecidos e respeitados oficialmente e a estigmatização a qual as lésbicas sofrem, inclusive dentro da comunidade homossexual. "A escola é o espaço canalizador da homofobia, de fato, a medida em que a criança 'diferente' não se encaixa no seu meio", assegurou Alberto Roque, colaborador do Cenesex, em sua exposição intitulada "Identidade gay e homofobia".
Contrário à posição defendida pelo Cenesex ,que defende a criação de lugares inclusivos para evitar guetos, um homossexual propôs um debate sobre a abertura de espaços próprios da comunidade gay que facilitem o encontro e o intercâmbio livre entre casais do mesmo sexo.
Também se exigiu maior agilidade na aprovação das uniões legais entre pessoas do mesmo sexo e no início das operações de mudança de sexo às 28 transexuais que, segundo Castro, já integram a lista de pessoas que esperam por esse momento que deverá mudar suas vidas. Entre as notícias da jornada, a proposta de incluir na reforma do Código de Família, vigente em Cuba desde 1975, o direito à adoção de crianças por gays e lésbicas por casais de gays y lésbicas foi eliminada com vistas a agilizar a aprovação de outros direitos mais amplos. A medida, no entanto, deve ser reivindicada em um momento mais oportuno.
Sobre a proposta legal em seu conjunto, o presidente do parlamento de Cuba, Ricardo Alarcón, assegurou à imprensa que "há uma boa disposição para examiná-la adequadamente, incorporando todos os critérios, todas as opiniões". "Tem que ser necessariamente um esforço intelectual, de reflexão, concertado", apontou. "Estes temas têm sido tabu e segue sendo entre muitos e muitas", reconheceu Alarcón, que assistiu, no sábado, toda a sessão matutina de conferências e debates da atividade central do Dia Internacional de Luta contra a Homofobia, que contou com o apoio do Partido Comunista.
Por sua parte, Sandra Álvarez, uma psicóloga que trabalha como editora e jornalista, questionou quanto haverá que esperar para que as pessoas que tomam decisões respondam às demandas colocadas por gays, lésbicas, travestis e transexuais. Quanto tempo mais terão que esperar? Porque a vida deles está passando?”, disse. "Aqui está o exemplo de Juani. Desde 1970 expôs sua problemática, que fez com que toda uma série de estudos e preocupações fossem abertas e já estamos em 2008. Passaram 38 anos desde que Juani deu sua vida para ser estudada", comentou Álvarez sobre o caso de um transexual que contou sua história durante a jornada. "O quê vai acontecer? Teremos que seguir esperando 10, 15, ou 20 anos, para que alguém abra tenha um entendimento ou que seja mais sensível?", acrescentou a psicóloga.
domingo, 7 de junho de 2009
Amigos segue o link com a entrevista com o Min de Cultura de Cuba Abel Prieto feita na espanha. É mais um modo de compreender a Ilha de Cuba.
Agradeço ao jornalista Mauro Moura, de Itabira, pela generosidade em publicar no espaço da Lusofonia e em espanhol, para desafiar mais ainda nossa vontade de estar mais perto de outras culturas que falem português ou não.
ENTREM NO SITE, É DE CONFIANÇA: http://lestemais.com.br/conteudo.asp?id_noticia=4923
Abraços e bom domingo.
Sidnei.
quarta-feira, 3 de junho de 2009
Em 12 de Junho no Brasil celebra-se o dia dos namorados desde 1950 quando o publicitário João Dória propôs a data em um mês fraco de vendas no comércio. Usa-se a véspera do dia de Santo Antônio, 13 de junho, considerado casamenteiro e valorizador da união conjugal. Em outras partes do mundo celebra-se o dia dos namorados no dia de San Valentin no 14 de fevereiro que coincide com o festival da fertilidade celebrado em na Roma antiga.
No século III da era cristã o padre Valentín desafiou as ordens do imperador romano Cláudio II que proibiam os jovens de casarem, pois, o imperador pretendia ter muitos homens livres para constituírem seu exército. Homens que amam, que dão e recebem afeto não querem ir para guerras, desejam cuidar de suas famílias. Valentin os casava escondido o que lhe custou à vida em 270.
Em Cuba o 14 de fevereiro é intitulado o Dia do Amor e da Amizade, no qual os casais trocam seus presentes e promessas de afeto, também amigos e amigas trocam cartões comemorativos e presentes, celebram festas e nos locais de serviço público como hospitais, escolas e empresas são distribuídas flores às mulheres.
Em fevereiro de 2002 assisti pela primeira vez ao dia de San Valentín em Cuba na Escola Latino Americana de Medicina, a ELAM. Logo cedo ao ir tomar café da manhã no refeitório da faculdade fui cumprimentado por vários trabalhadores: porteiros e cantineiras antes carrancudos sorriam de boca cheia, motoristas dos ônibus que traziam os professores de suas casas para as aulas repetiam a todos os que viam: Felicidades. Eu não tinha a menor idéia do significado daquele dia.
Alguns alunos, entre eles eu, não acostumados a tal celebração entramos no clima de confraternização e nos dedicamos a repetir pelo caminho, nossos votos de: Felicidades por el dia del amor y de la amistad!
Durante todo o dia de aula professores saudaram a turma pelo dia do amor e da amizade e no fim da tarde foi dado um presente a todos: nesta noite fomos liberados para passear, a ELAM funciona em regime de semi-internado entre segunda e sexta.
Ao sair para a rua vimos os mexicanos fazendo suas serenatas sob as janelas das colegas de vários países, casais saindo de mãos dadas para ir comer peixe assado ou pizzas caseiras feitos nas residências do bairro vizinho Baracoa e músicas tocando em vários dos edifícios da residência estudantil.
Saí com um amigo celebrar a despedida de dois colegas que estavam entrando de licença na universidade para resolver problemas familiares aqui no Brasil. Nas ruas e nos bares havia muita gente. Alguns buscando nesta mesma noite alguém para celebrar a noite dos namorados. Havia casais e grupos de amigos que faziam festas nas casas de aluguel de Baracoa.
Casamentos em Junho
Os casais cubanos ao invés de contraírem bodas em maio, como no Brasil, o fazem em fevereiro próximo ao dia de San Valentín que é o padroeiro dos casais.
Outro costume é o de os noivos saírem da igreja em carro aberto, sem arrastar latas, sentados na parte de trás do carro ou mesmo de pé sobre o banco traseiro do carro sem capota desfilam pelas ruas acenando sob buzina de outros carros e saudações dos populares nas ruas marcando um novo momento na vida de cada um dos membros da nova união.
Em Cuba ou no Brasil, fevereiro, maio ou junho todos querem ser felizes, amar e ser amados. Feliz dia dos namorados!
domingo, 31 de maio de 2009
Moraleja ( moral da história):
1-Na postagem anterior escrevi muitas vezes compondo, compôs... vivendo e escrevendo.